Os 20 técnicos venezuelanos que estão fazendo um curso de produção de café no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) conheceram nesta terça-feira (31) o modelo tecnológico de produção de café no Paraná. Depois da abertura do curso, eles tiveram uma aula com o pesquisador Armando Androciolli Filho.
Para exemplificar, o pesquisador fez uma comparação do modelo tecnológico de produção de café com o desenvolvimento de um novo carro, “que demora vários anos para ficar pronto e precisa ter uma visão de futuro para não ficar desatualizado com o passar do tempo”. Androciolli Filho mostrou que o Iapar, no início da década de 70, começou a desenvolver uma nova forma de produzir café porque a realidade estava mudando.
“Naquela época nós já imaginamos que os grandes agricultores iriam dar lugar aos pequenos, as áreas seriam reduzidas e a mão-de-obra se tornaria mais escassa”, salienta o pesquisador. Ele lembrou que o Paraná já teve a maior área plantada de café no mundo e que hoje o Estado está tentando aumentar a produção a partir de quatro pilares: a diversificação da propriedade, o manejo do solo, a qualidade do produto e o manejo da produção ajustado à realidade de cada região.
Androciolli Filho informou aos venezuelanos que o Estado produziu 2,2 milhões de sacas de café de 60 quilos em 2006 em uma área de 106 mil hectares, sendo que em 1992 o Paraná produziu 1,7 milhões de sacas em 280 mil hectares.
O venezuelano Wilfredo Garcia disse que a produtividade nas propriedades do seu país é baixa e que a esperança dele e dos outros técnicos que estão no curso é aumentar a produção com o curso no Iapar. “O que nós temos que fazer agora é adaptamos essa tecnologia para nossa realidade”, sintetiza o agrônomo.
Ele também diz que eles estão interessados em saber de que forma a cafeicultura pode contribuir para o desenvolvimento local, já que muitas cidades brasileiras, como Londrina, cresceram com a economia baseada no café. Para o técnico agrícola Victor Viscaia, o curso é importante para a troca de experiências entre brasileiros e venezuelanos, que plantam o café há muitos anos, mas não desenvolveram tecnologia própria como o Paraná.
Os técnicos terão nesta quarta-feira (01) a primeira aula prática do curso de café realizado no Iapar. Eles terão uma aula prática sobre formação de mudas, conhecerão a coleção de espécies do instituto e ainda visitarão o campo de variedades desenvolvidas pelo Iapar.
O curso faz parte de um Acordo de Cooperação Técnica assinado no ano passado entre o Governo do Estado do Paraná e o Governo da Venezuela.