20 anos de biotecnologia no campo e porque devemos preservá-la Por Claudio Oliveira*

A agricultura está presente em grande parte da história do ser humano, que sempre precisou se alimentar e, posteriormente, ter seu sustento por meio desta atividade.

10 de novembro de 2018 | Sem comentários Mais Café Opinião

A agricultura está presente em grande parte da história do ser humano, que sempre precisou se alimentar e, posteriormente, ter seu sustento por meio desta atividade. Com o passar dos tempos, o desafio de fazer agricultura foi crescendo, aumentou-se o número de pessoas a serem alimentadas, ainda que o espaço de terra para isso fosse o mesmo, e a necessidade de se ter mais rentabilidade e sustentabilidade.

Surgiu, então, a biotecnologia para revolucionar a maneira de fazer agricultura no mundo. Em 1998, no Brasil, a Coordenação-Geral da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a primeira soja transgênica – Roundup Ready (RR) – tolerante ao herbicida glifosato – que proporcionou flexibilidade ao agricultor para um manejo mais efetivo de plantas daninhas, grandes causadoras de perdas de produtividade devido à mato-competição com a cultura principal.

Em 2010, com a aprovação da soja com tecnologia Intacta RR2 Pro®, que confere proteção às principais lagartas da cultura devido à presença de proteínas Bacillus thuringiensis (Bt), foi possível alcançar novos patamares de produtividade, utilizando menos recursos naturais, além de proporcionar mais tranquilidade ao produtor no manejo da lavoura.

Passados 20 anos desde a aprovação da primeira biotecnologia para a soja, quase 100% da produção brasileira de soja (92%), milho (87%) e algodão (94%) é transgênica, com 53 milhões de hectares plantados. Para os produtores, o resultado foi um lucro acumulado de R$ 35,8 bilhões, a redução do uso de defensivos agrícolas (cerca de 839 mil toneladas deixaram de ser aplicadas nas lavouras) e de gastos e o aumento de produtividade, conforme dados da Agroconsult divulgados em setembro de 2018.

São muitos os beneficiados pela biotecnologia Bt para as lavouras, logo, contribuir para que sua eficiência e longevidade se mantenham é papel de toda a cadeia produtiva. Um dos principais meios para preservar os benefícios da biotecnologia Bt é a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que deve fazer parte do planejamento agrícola do produtor.

O MIP é composto por importantes pilares, como rotação de culturas, mudas sadias, eliminação de plantas doentes, época de plantio e o controle genético (variedades resistentes), porém o protagonista deles é o refúgio estruturado, fundamental para a preservação dos benefícios da tecnologia Bt. Na prática, destina-se uma área da lavoura para sementes sem a proteína Bt (sementes convencionais ou RR1), que devem ser plantadas ao lado das áreas com sementes com a biotecnologia, respeitando as porcentagens e distâncias ideais de cada cultura para que o refúgio exerça seu papel. Na cultura da soja, o recomendado é que, no mínimo, 20% da área total plantada com soja com tecnologia Intacta seja plantada com sementes não-Bt, respeitando a distância máxima de 800 metros das áreas plantadas com a biotecnologia.

O principal desafio do agricultor no campo é o manejo integrados das pragas, mas tratar a biotecnologia como solução de todos os problemas é um grande equívoco por parte dos que estão envolvidos com a cadeia de produção da soja. Ela é mais um dos componentes ou ferramentas que podem facilitar a vida do produtor, mas se todos nós não contribuirmos para preservar seus benefícios e longevidade, correremos o risco de perdermos esta ferramenta que tem sido grande aliada do agricultor brasileiro nos últimos 20 anos.

*Cláudio Oliveira é engenheiro agrônomo formado pela Unesp de Botucatu e é líder de Proteção a Biotecnologias de INTACTA RR2 PRO®.

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