13/12/2006 21:12:10 –
São Paulo/SP – Os produtores de café do Vietnã colhem uma grande safra, que pode ser uma das maiores dos últimos tempos. A constatação é do vice-presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Luiz Carlos Bastianello, do norte do Espírito Santo, que visitou aquele país no início deste mês, participando de missão técnica com outros 19 representantes de produtores, industriais e exportadores do Brasil.
Bastianello informou que os próprios órgãos oficiais do Vietnã acreditam que a safra atual poderá ser até 1 milhão de sacas de 60 kg maior do que o recorde de 16,2 milhões de sacas, principalmente da variedade robusta, concorrente do café do Espírito Santo. Mas o dirigente salientou que os produtores vietnamitas pretendem segurar a oferta do produto, com recursos próprios. A expectativa é de que os preços melhorem no ano que vem, por causa da oferta apertada em relação à demanda global.
Apesar da grande safra e da tendência de alta nos preços, Bastianello disse que a missão brasileira chegou ao consenso de que os vietnamitas não devem expandir muito a produção de café nos próximos anos, para além dos níveis atuais. Isso porque é preciso dedicar área agricultável a outras culturas importantes para a economia local, como pimenta-do-reino, arroz e caju para produção de castanha. Além disso, as terras são públicas e a área ocupada com café é limitada a 2 hectares por produtor. Outro entrave é a escassez de recursos hídricos. “Chegam ao ponto de irrigar cafezais aos baldes”, garantiu.
O representante dos produtores acrescentou os cafeicultores do Vietnã alegam que aumentaram os custos de produção. Investimento em adubo, por exemplo, só agora é feito em larga escala. No entanto, a mão-de-obra continua farta. O Vietnã, com apenas 4% da área do Brasil, tem população de cerca de 84 milhões de habitantes (pouco menos da metade do Brasil). O custo da mão-de-obra na lavoura de café do Vietnã está estimado em cerca de US$ 3,50/homem/dia. No Brasil, o custo da mão-de-obra seria de cerca de US$ 10,50.
Apesar da dedicação ao trabalho, os produtores de café no Vietnã esbarram em problemas tecnológicos e de infra-estrutura. “Não se vê secadores de café, por exemplo, mas eles querem investir na renovação dos cafezais”, observou Bastianello. “É comum o transporte das sacas em microtrator e até motocicletas”. Chamou atenção, ainda, o conhecimento e interesse dos produtores vietnamitas com relação à produção brasileira de café, inclusive sobre novas áreas produtivas na Bahia. “Eles mais perguntavam do que respondiam”, comentou.