Folha de S. Paulo
07/01/15
A indústria de máquinas e equipamentos agrícolas terminou o ano com um ritmo muito lento. As vendas de colheitadeiras caíram para 645 unidades em dezembro, 47% menos do que em igual período de 2013. Já a comercialização de tratores recuou para 3.090 unidades, 22% menos.
O ritmo de dezembro foi, de certa forma, um espelho do que ocorreu durante todo 2014. Após um recorde em 2013, quando as indústrias do setor colocaram 73,63 mil unidades de tratores e de colheitadeiras nas concessionárias, o atacado recebeu apenas 61,96 mil unidades em 2014.
A queda foi de 15,8%, com perda maior de ritmo pelo setor de colheitadeiras. Ao somar 6.330 unidades no ano passado, as vendas do setor recuaram 25,9%. No mesmo período, a comercialização de tratores caiu para 55,63 mil unidades, queda de 14,5%.
Apesar desse recuo, o resultado não foi ruim para o setor, que manteve, pelo quinto ano, vendas superiores a 50 mil unidades para esses dois tipos de máquinas.
A complicação maior poderá vir neste ano. Em princípio, as vendas não teriam motivo para queda, uma vez que o país deverá ultrapassar, pela primeira vez, 200 milhões de toneladas de grãos.
Mas as condições de mercado e de custos são diferentes. As expectativas são de redução de preços das principais commodities produzidas pelo país, o que deverá gerar renda menor no campo.
Uma saída para os produtores pode ser a alta da moeda dos EUA, que geraria mais reais para o setor. A comercialização dos grãos é feita com base no dólar.
Outro componente negativo para as compras de máquinas foi a alta dos juros do PSI (Programa de Sustentação do Investimento, do BNDES). A taxa subiu de 4% para 6,5% para os pequenos e médios produtores e vai até 11% para os grandes.
O próprio perfil da indústria de máquinas nos últimos anos poderá auxiliar na redução de vendas. A produção de grãos cresce, mas os produtores adquiriram máquinas com melhor desempenho e maior capacidade.
Além disso, com os preços das commodities e dos juros favoráveis nos últimos dois anos, boa parte dos produtores antecipou a renovação da frota, adquirindo novas máquinas. Sobrou para este ano o pagamento das contas.
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A líder A China representa 71% do mercado brasileiro de soja em grãos. O Brasil enviou 32,3 milhões de toneladas da oleaginosa para os chineses em 2014, ante um total exportado de 45,7 milhões de toneladas. Qualquer problema com o apetite chinês geraria consequências desastrosas para o Brasil.
Distante O segundo maior mercado brasileiro é a União Europeia, que fica com 13% da soja exportada pelo país. No ano passado, a UE importou 6,1 milhões de toneladas da oleaginosa. China e UE levam 84% do volume vendido pelo Brasil.
Receitas 1 Quando se trata de receitas, os chineses deixaram US$ 16,6 bilhões no país no ano passado com a compra de soja em grão. Em 2010, os gastos eram de apenas US$ 7,1 bilhões.
Receitas 2 Já a União Europeia pagou US$ 3,1 bilhões pela soja que comprou do Brasil em 2014, ante US$ 2,3 bilhões em 2010, segundo dados compilados pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Mercado aquecido Açúcar e café foram os destaques nesta terça-feira (6) na Bolsa de commodities de Nova York, com altas de 4,3% e 4,2%, respectivamente.
Motivos As causas da alta vão da entrada de fundos no mercado ao clima desfavorável no Brasil, principal produtor e exportador dessas duas commodities. Na Bolsa de Chicago, a soja voltou a subir e está em US$ 10,51 por bushel (27,2 quilos).