Torrefadoras insistem na importação de café

Publicação: 19/01/07

19 de janeiro de 2007 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Valor Econômico

As indústrias de café solúvel e de torrado e moído estão no mesmo lado em uma batalha que promete gerar ainda muita polêmica. Essas torrefadoras pleiteiam a importação de café verde, em regime de “drawback” (importação de insumos para reexportação), mas encontram resistências do setor produtivo e morosidade na decisão por parte do governo federal. Ruy Barreto Filho, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), argumenta que o segmento de solúvel tem perdido competitividade nos últimos anos, principalmente no mercado internacional.


O preço do café robusta no Brasil registrou aumento de 20% nos últimos 12 meses, encarecendo os custos de produção das indústrias de solúveis. A menor safra prevista para 2007/08 também acende a luz amarela dessas indústrias, que utilizam mais de 90% dos grãos robusta em seu blend de solúvel. Segundo Barreto Filho, as indústrias consomem cerca de 4 milhões de sacas de robusta por ano para a produção de café solúvel.


A expectativa do setor é de importar pelo menos 1 milhão de sacas. “Não vamos substituir a produção por importados. É um complemento”. Barreto Filho lembra que entre 1995 e 2002, as exportações de solúvel ficaram praticamente estagnadas, enquanto as negociações globais dobraram, para 16 milhões de sacas no mesmo período. Para as indústrias de torrado e moído, a importação de café arábica se limitaria a cerca de 20% de um total de 120 mil sacas que são exportadas anualmente. “Até 2002 não havia necessidade de drawback, uma vez que não exportávamos até este período”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).


“A realidade hoje é diferente. Estamos aumentando as nossas exportações”, diz. Herszkowicz observa que o Brasil assiste a um movimento recente de entrada de cafeterias estrangeiras no país, que utilizam em seu blend pouco café brasileiro. Conforme Vilmondes Olegário, diretor de café do Ministério da Agricultura, a decisão sobre a liberação do drawback não tem uma data definitiva. O assunto, em discussão há meses, depende do consenso da cadeia e está sob responsabilidade do Conselho Deliberativo da Política Cafeeira (CDPC).


Há, segundo ele, uma preocupação da cadeia produtiva de que a importação de grãos possa trazer problemas fitossanitários. As indústrias de solúvel já enviaram uma carta oficial ao governo do Vietnã – maior produtor mundial de café robusta – pedindo uma maior estreitamento das negociações com o governo brasileiro e deverá reforçar o seu lobby para que a questão chegue à Presidência da República. Procurado pelo Valor, o presidente do Conselho Nacional do Café, Maurício Miarelli, não foi encontrado.
 

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.