Se confirmada a expectativa, salto sobre 2004 será de 12,5%; consumo interno cresce
As indústrias de café torrado e moído que atuam no país devem fechar 2005 com faturamento conjunto recorde de R$ 4 bilhões, impulsionado sobretudo pelo aumento do consumo no mercado interno. Se confirmadas as expectativas, o aumento da receita em relação a 2004 será de 12,5%, segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). A expectativa para 2006 é que o faturamento cresça ao menos 5%.
Há 1,1 mil torrefadoras no pulverizado mercado brasileiro, mas as 30 maiores companhias devem responder por 52% do faturamento total neste ano. As 100 maiores respondem por 61% da receita, conforme a Abic.
Além da demanda interna – estimada em 15,8 milhões de sacas em 2005, 6% mais que no ano passado -, também colabora para o aumento do faturamento da indústria o avanço da exportação de torrado e moído. Grande parte das empresas está procurando ampliar os negócios com cafés de qualidade superior (gourmet), como forma de elevar margens de lucro. “As margens brutas das torrefadoras oscilam entre negativa até 2% a 4% positivas. As que investem em cafés especiais podem obter melhores margens”, afirmou Herszkowicz durante encontro das indústrias em Pernambuco.
É o caso da mineira Café Bom Dia, de Varginha. Segundo o presidente Sydney Marques de Paiva, a empresa já obteve margens superiores a 10%, um percentual só registrado pelo setor no início da década de 1990. “Somos hoje um dos maiores exportadores de torrado e moído do país e diversificamos nossa produção”, disse Paiva. Ele informou que a Bom Dia investirá na ampliação de sua fábrica em 2006, mas não divulgou o valor dos investimentos.
Herszkowicz lembrou que é forte a concorrência no mercado de torrado e moído, com quase 2 mil marcas em todo o país, e que o varejo prioriza os preços baixos para os cafés tradicionais. “Há cinco anos, o setor contava com 1,7 mil torrefadoras. Cerca de 600 indústrias fecharam neste período, boa parte por baixa competitividade”.
Pesquisa encomendada pela Abic à TnsInterScience mostra que o perfil dos consumidores de café mudou nos últimos anos no país. E essa mudança tem favorecido as indústrias, sobretudo as que investem em qualidade. Em 2003, pesquisa semelhante apontou que 9% das pessoas consumiam café em cafeterias, enquanto 91% consumiam o produto em casa. Neste ano, os percentuais subiram para 29% e 93%, respectivamente. Em 2003, 17% dos pesquisados também consumiam café no trabalho, fatia que saltou para 27%.
O país conta com entre 2,5 mil a 3,5 mil cafeterias, sem considerar as 52 mil padarias. A pesquisa também mostra que o preconceito da classe médica em relação ao consumo de café também caiu. Herszkowicz lembrou que o consumo per capita de café está em 4,15 quilos de pó de café por ano – 67 litros, ou 1,3 mil xícaras. A meta é que a média aumente de 4% a 5% ao ano. “O foco da Abic está em ações para os consumidores de café, não para os não-consumidores [que representaram 7% dos pesquisados pela TnsInterScience]”, disse.
A repórter viajou a convite da Abic