O escritório da BM&F em Shanghai poderá apoiar o esforço brasileiro de exportação de café na Ásia. A questão foi levantada no Seminário Internacional do Café.
O Presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, destacou os seguintes pontos nos contatos com os participantes do evento que começou na noite de terça-feira, 16 de maio, no Guarujá, com a presença de lideranças locais e internacionais.
1. PARTICIPAÇÃO DA BM&F NO MERCADO CAFEEIRO E NA COBERTURA DE RISCOS:
· O café já representou quase dois terços do total das exportações brasileiras. Hoje fica em torno de 3%. Mesmo assim, rendeu 2,9 bilhões de dólares no ano passado, com um crescimento importante (+42%) comparando com o ano anterior.
· A grande questão que se coloca diante de produtores, industriais e traders é como aumentar a participação do café no comércio global e como usar essa alavanca para melhorar a renda do produtor e dos trabalhadores no agronegócio.
· No recente Seminário sobre as Perspectivas para o Agribusiness em 2006 e 2007 o Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, chamou a atenção para a importância de políticas que contemplem TODA A CADEIA DA COMMODITY focalizada, e não apenas um dos seus elos, seja ele a produção, a comercialização interna ou externa, o papel do trader, da indústria de torrefação ou a industrialização.
· A BM&F atua num elo importante da cadeia da commodity café, que é a cobertura de riscos. Estamos desenvolvendo um grande trabalho para disseminar a cultura e as vantagens das operações de cobertura e contas-margem entre tesoureiros e administradores financeiros das cooperativas, fazendas mais desenvolvidas, indústrias.
· O comércio mundial se caracteriza por uma grande volatilidade dos preços das commodities e do câmbio. O produtor ou o trader de uma commodity como o café que não se capacitar para usar as melhores tecnologias de gerenciamento de riscos de preços e câmbio vai perder na concorrência com os profissionais no uso dessas ferramentas.
· Em 2004, a BM&F bateu o recorde de 67,43 milhões de sacas negociadas no seu contrato futuro de café arábica, cerca de 3 vezes a produção brasileira dessa variedade.
· Os não-residentes detêm 53% dos contratos em aberto na posição comprada e 25% dos contratos em aberto na posição vendida, na data de 15/05/2006.
· O volume de contratos em aberto, de 27.300 lotes, é recorde do contrato. A BM&F negociou uma média diária de 241 mil sacas no pregão. O setor do café tem enorme transparência de preços à vista e futuro, com ampla participação dos vários agentes da cadeia e dos não-residentes nas operações da BM&F. Tudo indica, portanto, que a cultura do uso dos derivativos está crescendo. O café é o carro-chefe dessa cultura na área agropecuária da BM&F.
2. CONTRIBUIÇÃO INSTITUCIONAL DA BM&F:
· Desde sua fundação a BM&F adotou uma visão institucional e de fomento, ao lado da visão comercial, focada nos contratos futuros e derivativos em geral.
· Nesse sentido, participo como Presidente do Comitê de Seguro e Crédito do Ministério da Agricultura, a convite do Ministro Roberto Rodrigues. Tenho colocado nossos técnicos em contato com os técnicos do Ministério da Agricultura para estudar iniciativas que possam contribuir para o setor cafeeiro e as commodities em geral. Destaco algumas dessas iniciativas que mostram como a BM&F pode contribuir como um dos elos da cadeia do agronegócio cafeeiro:
· Recentemente estive na China e pude observar a abertura de várias coffee-shops, principalmente em Shanghai. O Brasil deve ter uma postura mais pró-ativa em relação aos novos mercados.
· A BM&F tem um escritório em Shanghai, e desde já nos colocamos à disposição da cadeia do café para sermos um braço ativo dessa inserção no mercado chinês e asiático. Aquele sonho de que se cada chinês tomar uma xícara de café não teremos café para abastecer o mercado começa a se tornar realidade, e não só na China, mas na Ásia como um todo. Isso deverá posicionar o Brasil de forma importante naqueles mercados.
· Estamos caminhando para desenvolver um contrato FOB/Paranaguá de soja com parceiros chineses da Bolsa de Dalian e esse modelo pode, também, inspirar algumas iniciativas na área cafeeira, em que a BM&F tem expertise e know-how de classificação e entrega.
· Contribuímos para o aperfeiçoamento dos papéis do agronegócio e vários deles, como a CPR, são muito demandados pelo setor cafeeiro.
· A Câmara dos Deputados criou uma Comissão Especial para avaliar as políticas de café, a gestão do Funcafé e uma ampla discussão sobre o papel do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC). Essa Comissão elaborou um questionário minucioso para as diversas instituições que compõem a cadeia do café, incluindo a BM&F. Isso mostra o quanto a cadeia do café é organizada, por ter um fundo anti-cíclico. Mesmo tendo muito a ser aprimorado na gestão e uso desse fundo, devemos lembrar que outras cadeias estão sentindo a falta de um instrumento dessa natureza.
3. PARTICIPAÇÃO DOS FUNDOS E INVESTIDORES INTERNACIONAIS:
· No período de janeiro a abril de 2006 foram negociados 18,78 milhões de sacas na BM&F, no valor de US$2,4 bilhões, o maior volume financeiro da história do contrato nesse período.
· Os investidores institucionais, como os fundos, detêm 20% dos contratos em aberto na posição vendida, o que mostra o apetite dos fundos para esse mercado.
· Estamos, neste caso, diante de um fenômeno mundial, que é a participação dos Hedge Funds nas Bolsas.
· À medida que os fundos buscam novas alternativas de investimento, essa participação tende a crescer, aumentando a liquidez do contrato.
4. BM&F COMO UM FORUM COMPLETO PARA A CADEIA DO AGRONEGÓCIO/CAFÉ:
· Recentemente dei posse à nova Câmara do Café da BM&F, que reúne traders, cooperativas, corretores, armazéns e investidores institucionais. Essa Câmara é presidida pelo Conselheiro André Luiz de Santos Freitas que, juntamente com a Câmara, tem feito diversas propostas à Bolsa para aperfeiçoar o contrato e aumentar a liquidez. A BM&F ouve o mercado permanentemente e traduz em ações as demandas dos clientes e da cadeia do café.
· No dia 4 de maio, como disse antes, fizemos, juntamente com o Ministério da Agricultura, um Seminário sobre Perspectivas para o Agribusiness em 2006 e 2007, com a participação de diversos agentes do mercado de café. Nesse Seminário, os palestrantes mostraram que a situação do café para as próximas duas safras é de estabilidade do quadro de oferta e demanda.
5. PERSPECTIVAS E MERCADO DE OPÇÕES A DESENVOLVER:
· Ainda falta muito a desenvolver. Além da entrada de mais agentes financeiros para tomar o risco de preço do café, devemos desenvolver as opções, que têm liquidez na BM&F, mas podem crescer muito mais.
· Estamos investindo fortemente na interiorização das corretoras, para atender aos diversos estados e clientes que estão fora do eixo São Paulo – Rio. E estamos fortalecendo as corretoras para que tenham uma estratégia cada vez mais globalizada, pois queremos ampliar a entrada de agentes não-residentes, como os fundos de investimentos.
· Com isso ampliamos o número de vendedores domésticos e de compradores internacionais do café de origem brasileira.