Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2015 – Os preços do café arábica despencaram no mês de fevereiro na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures), que baliza a comercialização internacional. As cotações caíram aos patamares mais baixos em mais de um ano, com o mercado cambial e de clima pesando muito sobre os valores.
Em fevereiro, as chuvas retornaram ao cinturão cafeeiro do Brasil, amenizando as preocupações em torno da safra de 2015. Começaram a surgir estimativas privadas elevando as projeções para a produção, com um otimismo maior em torno de quanto o maior país produtor vai colher este ano. E não adiantou o setor produtivo do Brasil “brigar” dizendo que as perdas são irreversíveis. Mesmo que sejam, a Bolsa de NY é guiada por fundamentos, mas também por especulação, e basta uma notícia de clima benéfico para os preços reagirem negativamente a isso.
O câmbio no país foi outro componente negativo para a Bolsa de NY. A valorização da moeda americana contra o real traz pressão sobre os preços futuros, à medida em que sinaliza uma competitividade ainda maior do Brasil nas exportações.
Em Nova York, no balanço mensal, o café arábica para maio caiu 14,6% até o dia 26 (quinta-feira), recuando de 164,65 centavos de dólar por libra-peso para 140,55 cents. E vai testar para baixo essa importante linha de US$ 1,40.
Em Londres, o robusta caiu menos no comparativo com o referencial nova-iorquino. O contrato maio na Bolsa de Londres caiu 4,3% no mês até o dia 26, recuando de US$ 1.954 para US$ 1.869 a tonelada.
Com esse comportamento das bolsas, no Brasil os preços do arábica recuaram no balanço mensal do mercado físico, enquanto o conilon se sustentou melhor e até avançou. Isso porque o dólar em alta contribuiu para o suporte as cotações em reais. A moeda americana no comercial acumulou em fevereiro valorização de 7,3%.
O mercado brasileiro travou com essas quedas externas. O produtor se afastou da comercialização e o comprador espera por oportunidades melhores. O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu de R$ 475,00 para R$ 450,00 a saca até o dia 26, baixa de 5,3%. Caiu bem menos que NY justamente em função da subida do dólar.
E o conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, inclusive subiu de preço no balanço mensal. A alta foi de 2,5%, com o valor avançando de R$ 278,00 para R$ 285,00 a saca. Como a queda do robusta em Londres foi bem menor que a de NY, a alta do dólar foi suficiente para garantir esse incremento na cotação em reais.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS