08/12/2006 15:12:12 –
São Paulo/SP – Apesar da previsão de quebra na próxima safra de café, os produtores de linhas premium mantêm seus planos de expansão, com aumento de presença no mercado externo. Esses são os casos das fazendas Ipanema, fornecedora da rede de cafeterias Starbucks, e Sertãozinho, da família Marinho (que controla a Rede Globo).
Fechando o ano com um faturamento de US$ 20 milhões e exportando cerca de 80% de tudo o que produz, a Ipanema Coffees, que conta com novos acionistas desde maio, irá investir US$ 1,5 milhão ao ano até 2009, para ampliar sua estrutura tecnológica.Segundo o presidente da Ipanema, Washington Rodrigues, os novos acionistas, Gávea Investimentos (do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga) e Grupo Astro-Lambari, trouxeram uma visão mais jovem para o grupo que pretende se expandir numa velocidade maior. “O reinvestimento de resultados que antes era só na lavoura agora deverá incrementar nossa estrutura tecnológica”, disse.
O investimento, que é fruto do aporte que houve com a entrada dos novos acionistas e do faturamento da empresa, será dirigido à renovação das lavouras das três fazendas da empresa, infra-estrutura de embarque, com 100% dos contêineres para exportação saindo direto da fazenda, duplicação da capacidade de beneficiamento e secagem, maquinário de preparo e estufagem. A Ipanema produziu 143 mil sacas de café em 2006. Cerca de 60 mil deverão embarcar até o final de dezembro para 15 países.
Até abril, mais 55 mil sacas serão exportadas, 25% para os Estados Unidos, onde seu principal cliente é a rede Starbucks, 25% para a Ásia e 50% para a Europa. Rodrigues se mostra otimista e afirma que irá atender a demanda produzindo mais de 80 mil sacas em 2007. “Nossas floradas foram boas, tivemos um bom regime de chuvas e adiantamos os tratos culturais, nossa quebra será pequena”, avalia. A projeção para o próximo ano é de manter o faturamento em US$ 20 milhões “O volume será menor, mas o preço deverá compensar a diferença”, acredita Rodrigues.
A Ipanema Coffees tem sua própria rede de cafeterias, a Cafeera, e também fornece matéria-prima para a maior rede de cafeterias do mundo, a Starbucks, que acaba de inaugurar sua primeira loja no Brasil. Segundo Rodrigues, a relação entre a empresa e a Starbucks é tranqüila. “A Cafeera continua trabalhando no mercado interno, é uma empresa própria que tem como propósito aglutinar informação para a Ipanema”. O principal foco da Ipanema deve continuar sendo o mercado externo, onde atua há mais de 15 anos.
A marca Ipanema atende o mercado externo e, no Brasil, é exclusividade da Starbucks. Outros grandes compradores da Ipanema são a suíça Blaser, a Frielle, maior empresa norueguesa de café e a Coca-Cola, no Japão. A empresa também mantém seu trabalho de prospecção de novos mercados.A Ipanema tem contrato com a Starbucks até 2011. O primeiro foi firmado em 1997. Na ocasião a Ipanema exportou 2 mil sacas de café para a Starbucks, hoje esse número ultrapassa 15 mil sacas.Expansão da SertãozinhoEm 2007, a torrefadora da Fazenda Sertãozinho, que fabrica o café Orfeu, deve ampliar sua capacidade de torrefação de 2 mil quilos para 10 mil quilos por mês.
Os investimentos são da ordem de R$ 1 milhão. A diretoria da Sertãozinho também pretende passar a exportar café torrado já no próximo ano.“Estamos fazendo um levantamento junto a importadores para exportar café especial torrado a partir do início de 2007”, revela o diretor-geral da Sertãozinho, José Renato Dias. Atualmente, a Fazenda exporta apenas o café em grão.Recentemente, a Sertãozinho serviu de inspiração para o book de inverno da Tecnoblu, empresa de etiquetas que fez uma pesquisa de campo na fazenda e coletou imagens da lavoura para divulgar os produtos dos seus clientes na Mod’Amont, feira que acontece todos os anos na França.
O café da Sertãozinho foi dado como brinde e a fazenda passou a receber pedidos de compradores franceses para seus produtos premium “Nosso café fez sucesso na França, já estamos negociando com empresas de lá”, disse a diretora comercial do café Orfeu, Ana Cecília Gonçalves. Propriedade de Roberto Irineu Marinho desde 1995, quando começou a passar por um processo de modernização, em 2006 a fazenda, que exporta cerca de 80% de sua produção para Suíça, Alemanha, EUA, Inglaterra e Japão, produziu 12 mil sacas e teve um de faturamento de R$ 6,5 milhões.
Segundo Dias, a principal estratégia na prospecção de novos importadores é a manutenção da qualidade na produção de cafés especiais. Dias acredita que não terá problemas com quebra de safra em 2007. “Em função da chegada de novos plantios e com o manejo de podas do cafezal para o próximo ano não devemos ter quebra de safra”, avalia, mas admite que isso não reflete a situação da região e sim da propriedade. Priscila Machado