23/09/2009
Laura Ruschel e Lessandro Carvalho, da
Minas Gerais
Sul de Minas
A colheita de café nas regiões de atuação da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), que atua no sul e cerrado de Minas Gerais e em parte de São Paulo, está dada por encerrada. É o que indica o coordenador de desenvolvimento técnico da Cooxupé, Mário Ferraz de Araújo.
Araújo observou que os cafés no chão acabaram em grande parte sendo deixados, em função das chuvas, com depreciação da qualidade. Ele acredita que deverá ser confirmado para 2009 no sul de Minas Gerais a estimativa da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento), que apontou a produção em 9,5 milhões de sacas. Entretanto, alerta para o fato que muitos produtores tiveram problemas com o rendimento do café durante o beneficiamento.
Quantos às floradas que vão repercutir na safra 2010, Araújo indica que as lavouras novas, que representam 10% a 15% da produção, tiveram boas floradas, principalmente as mais precoces. No entanto, existe preocupação com as lavouras mais antigas. “Estas não estão mostrando o botão floral direito”, afirmou. Até agora houve apenas uma florada no sul de Minas de porte, indica.
As chuvas fora de época e excessivas em maio, junho e julho prejudicaram as lavouras agora para as floradas, nestes cafezais mais velhos. Araújo disse que a falta de períodos quentes e secos nestes meses acabam por prejudicar o potencial da florada. “Tem pesquisadores defendendo que a safra futura será afetada em função disso”, destacou, embora ressalte ainda ser cedo qualquer avaliação mais profunda.
Zona da Mata
Os trabalhos de colheita da nova safra de café foram concluídos na região de atuação da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Caratinga (Coopercafé), na Zona da Mata de Minas Gerais. Segundo o gerente de comercialização da cooperativa, Paulo Tavares agora resta apenas a varrição ou catação em algumas poucas lavouras. A expectativa é que a safra termine em torno de 750 a 800 mil sacas, frente à projeção anterior de produção de até 850 mil sacas.
“Houve uma quebra, mas ainda não se pode quantificar. O que é confirmado é uma queda na qualidade dos grãos”, afirmou Tavares, completando que “os primeiros cafés colhidos ainda no início da safra têm boa qualidade, mas os que foram colhidos posteriormente apresentam uma qualidade inferior, devido ao período de chuvas que afetou a região. Vemos grãos muito bons em aspecto e tipo, mas que acabam estourando na xícara”, afirmou.
Por outro lado, já foram registradas aberturas de floradas em parte das lavouras. “Algumas tiveram floradas bonitas, outras já tiveram a segunda abertura. Estamos aguardando as chuvas, que estão sinalizadas para incidir a partir da próxima semana, para firmar as floradas que já abriram e ajudar as que virão”, disse o gerente de comercialização da cooperativa.
A comercialização, por sua vez, esboçou uma recuperação na semana passada. “Vimos uma reação dos preços, mas muitos produtores ainda estão guardando café, principalmente aqueles que têm grãos de melhor qualidade, explicou Tavares. Estima-se que, do total já colhido da safra 2009, cerca de 50% foram negociados.
São Paulo
Os trabalhos de colheita de café continuam avançando na região da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Marília (Coopermar), atuante no centro-oeste de São Paulo, principalmente nas regiões de Marília e Garça.
Segundo o engenheiro agrônomo da cooperativa, Aurélio Giroto, são poucos os produtores que ainda não acabaram a apanha. “Apenas os grandes produtores ainda não terminaram, enquanto todos os pequenos produtores já chegaram ao fim”, afirmou. Com isso, a colheita atinge em 80%.
As chuvas que atingiram as lavouras da região durante 40 dias não são atrapalharam o andamento da colheita como também pioraram a qualidade dos grãos. Espera-se também uma pequena quebra na produção. Estima-se que a safra não fique muito distante do desempenho do ciclo anterior, com redução de 15% a 20% frente ao total colhido em 2008. Para o Estado de São Paulo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou a produção entre 4,2 e 4,5 milhões de sacas.
Por outro lado, já foram registradas duas floradas na região, de volume pequeno, mas com bom aspecto. De acordo com o engenheiro agrônomo da cooperativa, espera-se que a terceira florada tenha um volume melhor.
A comercialização, por sua vez, evolui lentamente na região. Segundo fontes da Coopermar, os produtores ainda aguardam café, esperando melhoras dos preços no mercado. Estima-se que, até o momento pouco mais de 5% da safra 2009 já tenha sido comprometida, enquanto ainda restam pouco menos 30% da safra anterior (2008) a ser negociada.
Espírito Santo
A colheita de café arábica no Espírito Santo está em cerca de 90% a 95% do total, enquanto os trabalhos do conilon já encerraram há bastante tempo. A avaliação parte de Marcus Magalhães, da Maros Corretora. Segundo ele, só resta o término da colheita nas regiões mais altas de arábica. Para Magalhães, a safra deve confirmar a projeção da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento), de 10,1 milhões de sacas, entre arábica e conilon.
Quanto à comercialização, o mercado no Espírito Santo segue muito lento. Os vendedores continuam retraídos. Na média, Magalhães acredita que cerca de 40% da safra 2009 de café do estado tenha sido negociada. O conilon tipo 7 em Vitória/ES está indicado em R$ 185,00 a saca, e o arábica rio tipo 7 em R$ 195,00/sc.
O clima está sendo benéfico aos cafezais neste período de floradas. Magalhães indica que já houve duas floradas para o conilon e uma para o arábica, tímida. “A perspectiva está agora centrada na entrada de outubro”, afirmou. Há mais previsões de chuva para esta semana.