Operadores em NY enxergam exportações recordes no Brasil como abundância de oferta e por isso pressionam preços. Preços do café em NY se aproximaram do menor patamar dos últimos dois anos com influência do financeiro e previsão maior de safra no Brasil
O futuro do café arábica no vencimento março/16 tocou a mínima de dois anos,
na sessão desta quarta-feira (20). As cotações na Bolsa de Nova York caíram 400
pontos nos principais vencimentos sendo pressionadas pelas informações do
mercado financeiro e previsão de safra maior no Brasil.
De acordo com o diretor de café do Banco Société Générale, Rodrigo Costa, os
investidores “reduziram posições diante de alguns acontecimentos no começo do
ano, como a desvalorização da moeda chinesa, a queda do petróleo, o fim do
embargo ao Irá – que irá exportar mais petróleo – e uma perspectiva de
crescimento mundial abaixo do esperado”, explica.
A aceleração no volume de vendas antecipadas da próxima safra de café arábica
do Brasil também foi um fator negativo para os preços na Bolsa de Nova York. Com
os produtores buscando garantir os lucros oferecidos pela alta cotação do dólar,
as negociações estão super aquecidas para o período do ano.
“O câmbio favorável desencadeou uma negociação de café mais acentuada,
sinalizando que o Brasil ainda tem um estoque razoável para ser comercializado,
e refletindo em venda por parte dos hedgers – porque tem compra café acaba
vendendo em NY para não ficar expostos ao preço – e isso sem dúvida nenhum foi
negativo para os preços”, ressalta Costa.
Outro fator que indica bons volumes de oferta do país foram as exportações de
café verde, que em 2015 somam recorde de 33,33 mi sacas. Esse aspecto reduziu a
apreensão do mercado sobre um possível período de desabastecimento na
entressafra.
Segundo ele, apesar das informações internas darem conta de que poderemos
chegar neste ano com um dos menores estoque de passagem da histórico, na visão
dos investidores os bons volumes exportados durante todo 2015 e também nas
primeiras semanas de janeiro, aliado ao aumento da comercialização neste inicio
do ano, indicam que não deveremos ter uma crise de abastecimento mundial, com
isso, os preços não conseguem reagir na bolsa.
“Em teoria se havia uma preocupação com o aperto da disponibilidade de café
até a chegada da safra nova brasileira, deveriam então ter uma dosagem menor de
venda do que estamos vendo”, explica.
Neste contexto não é esperado altas muitos expressivas para os futuros do
arábica, considerando que a valorização do real também é uma limitante para a
Bolsa de NY.
Fonte: Notícias Agrícolas