AGRONEGÓCIOS
11/06/2008
Robusta começa a ser testado em SP
De São Paulo
Nos anos 1970, pesquisas para o plantio de café robusta no Estado de São Paulo começaram a ser feitas, mas não foram para frente. Na metade dos anos 1990, uma nova tentativa neste sentido foi pensada, mas não vingou. Àquela época, a expansão do robusta não interessava nem para os produtores, nem para as indústrias. Mas, agora, com a maior rentabilidade desse grão sobre o arábica, estudos nesta área ganham corpo.
Pela primeira vez, São Paulo passará a investir no plantio de café robusta. Pesquisas do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) avançam nesta área e testes já começam a ser feitos nas cidades de Garça, Campinas, Mococa, Adamantina, regiões onde prevalece o clima mais quente, muito propício a essa variedade.
Segundo o pesquisador do IAC, Júlio César Mistro, as variedades de robusta só devem ser plantadas comercialmente em dez anos. “Começamos a fazer os estudos em campos experimentais a partir de 1999”, diz.
Maior produtor de café arábica do mundo, essa variedade representa 76% da oferta nacional. O robusta, com os 24% restantes, tem sua produção concentrada no Espírito Santo e, em menor escala, em Rondônia.
O investimento em robusta começou a despertar interesse nos tradicionais produtores de arábica nos últimos meses por conta da maior rentabilidade obtida no robusta. Os preços médios de café arábica no mercado interno giram em torno de R$ 240 a R$ 250 sacas, com um custo de produção médio de R$ 190. O robusta está cotado a R$ 205, com um custo em torno de R$ 100 a R$ 130.
O café robusta é conhecido no mercado por ser um grão menos nobre que o arábica. E por isso mesmo tradicionais cafeicultores eram, até então, avessos ao plantio dessa variedade. Esse grão é utilizado em larga escala pelas indústrias de café solúvel.
Apesar da qualidade inferior ao arábica, o tipo robusta tem conseguido altos ganhos de produtividade. E a única barreira para a expansão desse tipo de grão no Sul de Minas, tradicional reduto de café arábica do país, não é o preconceito dos cafeicultores da região, mas o clima. “O Sul de Minas é uma região mais fria, o que impede o desenvolvimento do robusta lá”, afirma Mistro.
Para analistas ouvidos pelo Valor, o Brasil não deverá mudar o mix de produção de arábica para o robusta. Mas, dará maior atenção ao grão, que antes estava relegado a segundo plano nos cafezais do país. (MS)