Reunião CNC: apresentação de alternativas em meio ao debate sobre a crise

5 de fevereiro de 2010 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

A crise da cafeicultura e o endividamento dos produtores foram a tônica da
reunião promovida pelo Conselho Nacional do Café (CNC), na sede da Cooperativa
Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), nesta
segunda-feira (1º), com a participação de dirigentes de cooperativas, sindicatos
e representações políticas. Em meio ao debate sobre a necessidade de um conjunto
de medidas para a sobrevivência da cafeicultura, o gerente executivo do Polo de
Excelência do Café (PEC/Café), Edinaldo José Abrahão, apresentou ações que vem
sendo desenvolvidas, pelo Governo de Minas, por meio do Pólo de Excelência do
Café, para a inovação tecnológica visando o fortalecimento do
setor.

Abrahão fez um alerta aos participantes sobre o risco de
disseminação no Estado do nematóide Meloidogyne paranaensis, uma das espécies de
nematóides mais nocivas ao cafeeiro. Ele relatou que desde 2003, quando a
espécie foi detectada na região do Alto Paranaíba (Patrocínio) e, em 2004, no
Sudoeste do Estado (Piumhi), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig), sob coordenação da pesquisadora Sônia Maria de Lima Salgado, vem
chamando a atenção de pesquisadores e lideranças sobre o risco de sua
disseminação no Estado. “Medidas de contenção e prevenção necessitam ser
tomadas”, ressaltou.
Na oportunidade, foram apresentadas as ações do PEC/Café
na busca por ampliar parcerias e agregar competências visando a excelência de
Minas Gerais quando se trata de conhecimento e inovação no sistema
agroindustrial do café. Como apresentado por Abrahão, a integração de todos os
segmentos deve estar voltada às demandas do setor para a oferta de soluções
tecnológicas, resultando em uma maior eficiência produtiva. 

Como
sugestão de política pública, Abrahão ressaltou a necessidade de um novo
programa de renovação (sem aumento da área plantada e com pagamento em produto)
do parque cafeeiro, à semelhança do programa Minas Café (início da década de
90), com incentivos à adoção de novas variedades e espaçamentos, mais produtivos
e adequados à mecanização. Ele destacou, ainda, a necessidade do conhecimento do
parque cafeeiro do País, por meio de geotecnologias, para a definição de uma
metodologia científica de estimativa de safra. Este trabalho só será possível
com a união de todas as competências neste assunto, integrando o trabalho
realizado em institutos de pesquisa, universidades, cooperativas e a Companhia
Nacional de Abastecimento (CONAB).  

Mecanizar para
reduzir custos


O professor do Departamento de Engenharia da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), Fábio Moreira da Silva, apresentou a
mecanização como alternativa para a redução de custos de produção. Ele destacou
os estudos realizados desde 1996, sendo evidenciada a mão-de-obra para a
colheita em área montanhosa como gargalo número um do processo
produtivo.

De acordo com Fábio Moreira, a tendência que se verifica no
Sul de Minas, onde predominam pequenas e médias propriedades, com topografia e
arquitetura das lavouras limitantes ao uso das colhedoras tratorizadas, é uma
expansão do sistema semimecanizado para as operações de derriça e abanação, com
o emprego equilibrado de mão-de-obra e máquinas, atendendo em especial a
agricultura familiar. Na colheita semimecanizada a derriça é feita com o auxílio
das derriçadoras portáteis, manejadas manualmente e acionadas por motores
laterais ou costais, que fazem vibrar as varetas em sua extremidade, promovendo
a derriça dos frutos.

Pelos dados do professor, neste sistema, a medida
de 60 litros custa em média R$ 6,60, com redução de custo da ordem de 34% em
relação a colheita manual. “A colheita semi-mecanizada do café é atualmente uma
alternativa viável e possível de ser implantada na maioria das lavouras
cafeeiras, independentemente do tamanho ou desenvolvimento tecnológico da
propriedade, associando mão-de-obra com máquinas de baixo custo inicial,
acessível ao pequeno e médio produtor, sendo uma realidade técnica e
economicamente viável e socialmente equilibrada para as regiões produtoras”,
ressalta.

Conhecimento para todos

As redes sociais voltadas para a
democratização do conhecimento sobre café foi o tema apresentado pelo
pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), Sérgio Parreiras Pereira. São
Sebastião do Paraíso será sede de um projeto piloto que vai integrar o Centro
Vocacional Tecnológico (CVT) e os 14 telecentros para inclusão de produtores
rurais na rede Cafés do Brasil, para recebimento programado de informações sobre
o setor. A experiência de São Sebastião do Paraíso poderá ser ampliada para
todas as cooperativas de cafeicultores, que manifestarem
interesse.    


Polo de Excelência do Café
http://excelenciacafe.simi.org.br/

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