RESISTENCIA DE CAFEEIROS AO BICHO MINEIRO – COMO UMA DÁDIVA. Por José Braz Matiello

O uso de controle químico do bicho mineiro, seja através de inseticidas de solo, seja
mediante pulverização na folhagem, vem se tornando difícil.

Diante dos ataques severos do bicho mineiro em cafeeiros e com as dificuldades no controle químico dessa praga, a viabilidade presente, de contar com a resistência genética no seu controle, soa como uma verdadeira dádiva para o setor da lavoura cafeeira. Porem, para alcançá-la, foi preciso muito tempo e trabalho.

O Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) tem se constituído na principal praga do cafeeiro, com ataques associados a condições de desequilíbrios nas lavouras, seja através de períodos mais quentes e secos, seja através do uso de defensivos, utilizados para controle das pragas e doenças da cultura.

Em muitas regiões cafeeiras, como no Triangulo Mineiro, Alto Paranaiba, Norte de Minas e Bahia, o ataque dessa praga se expandiu muito, causando severos prejuízos, pela redução da área foliar e desfolha das plantas. O uso de controle químico do bicho mineiro, seja através de inseticidas de solo, seja mediante pulverização na folhagem, vem se tornando difícil.

Nos últimos anos tem sido necessário incluir e alternar grupos inseticidas, ampliar doses dos produtos, reduzir intervalo nas aplicações, e, até, associar produtos de ação sobre a larva e o adulto da praga, aumentando o custo dos tratamentos e nem sempre com a eficiência desejada, como ocorria antigamente. Existe, por isso, sem comprovação científica, desconfiança sobre resistência da praga a certos grupos inseticidas.

Tem havido casos de quase desespero, com tratamentos semanais, com o objetivo de “limpar a lavoura” da praga. Surge, com viabilidade de curto prazo, a possibilidade de se contar com uma nova ferramenta no controle do BMC, através de material genético com resistência à praga. Existem trabalhos de pesquisa, em fase final, do material denominado Siriema, que associa, ainda, resistência à ferrugem e maior tolerância a stress hídrico.

Este material está próximo do seu uso em lavouras comerciais, restando apenas a instalação de campos de adaptação e multiplicação. Outros materiais vêm sendo desenvolvidos por Instituições estaduais de pesquisa, mas ainda não se conhece suas perspectivas de uso comercial.

Os cafeeiros de Siriema tem origem em híbrido entre Coffea racemosa x Mundo Novo e depois com cruzamento com Catimor, isto na década de 1980. Em seguida foram derivadas várias gerações, com seleções sucessivas, procurando associar resistência ao BM e ferrugem, com porte baixo das plantas, e, especialmente, com a característica de boa produtividade, semelhante aos padrões Catuai e M. Novo. A maioria das seleções, hoje disponíveis, tem plantas com frutos amarelos, existindo algumas também de frutos vermelhos. A forma de reprodução vem sendo desenvolvida tanto por clonagem como por sementes.

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