AGRONEGÓCIOS
29/05/2008
Renegociação dá impulso à busca de recursos para o café
Priscila Machado
Com a renegociação da dívida agrícola o governo federal acelera a liberação dos financiamentos para os produtores de café. A expectativa é a de que com a liquidação das dívidas os cafeicultores voltem a tomar os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que na última safra ficou com mais de R$ 600 milhões ociosos.
Em 2007, dos R$ 2,26 bi liberados apenas R$ 1,6 bilhão foi aplicado efetivamente. “A repactuação das dívidas vai dar uma folga maior para o produtor e a demanda dos recursos vai ser maior”, avalia Lucas Tadeu Ferreira, diretor do Departamento de Café (Dcaf) do Mapa.
Segundo ele, uma das razões pelas quais o produtor de café não ter tomado esse recurso na última safra, é o nível de endividamento já que o risco da operação é atribuído ao banco. “Dependendo do perfil do mutuário e do seu grau de endividamento o banco impõe suas limitações”, explica.
De acordo com Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), os recursos do Funcafé nunca foram tomados na sua totalidade, pois a maioria dos produtores não tem acesso ao crédito. “Muitos já estão no Serasa.Como é necessária a liberação das garantias o sujeito fica sem meio de tomar crédito”, diz. Para Ximenes mesmo sem usar todo o recurso disponível a dívida do produtor agrícola tem aumentado paulatinamente justamente porque ele está vivendo de crédito.
De qualquer forma, as medidas compensatórias apresentadas pelo governo criam condições de liquidação de dívida e retomada dos investimentos na lavoura. Além dos benefícios sinalizados com a Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Agricultura liberou ontem mais R$ 157 milhões em recursos para financiar a safra 2008/2009. Desse montante R$ 150 milhões serão disponibilizados pelo Banco do Brasil e os R$ 7 milhões restantes pelo Banco Safra.
Na última terça-feira o Funcafé já havia liberado R$ 200 milhões para as despesas com a colheita, o que inclui custeio da aplicação de herbicidas, transporte, secagem e mão-de-obra. Os agentes financeiros que receberão o repasse são o Banco Cooperativo do Brasil S.A. (Bancoob), com R$ 140 milhões; o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), com R$ 10 milhões; a Cooperativa Central de Crédito de Minas Gerais (Crediminas), com R$ 35 milhões; a Cooperativa de Crédito Rural dos Cafeicultores da Região de Varginha (Credivar), com R$ 10 milhões; e o Banco Ribeirão Preto S.A., com R$ 5 milhões.
O Mapa anunciou o repasse apenas para os bancos que já firmaram contrato, mas estima-se que alcance 15 o total de instituições financeiras que irão operar os financiamentos.
Entre os outros benefícios da MP direcionados à cafeicultura o governo vai conceder prazo de pagamento de 12 anos para quitação dos débitos. Destacam-se ainda os descontos que variam de 5% a 25% para os produtores que quiserem liquidar a dívida até 2010. Outro ponto bastante comemorado foi a redução da taxa efetiva de juros de 7,5% ao ano que com o bônus de adimplência fica em 3,75%.
A cadeia do café aguarda ainda outra MP que irá criar regras específicas para a rastreabilidade do produto. Com o fim da consulta pública sobre a resolução do Ministério da Agricultura o governo poderá editar a MP para aprovação no Congresso.
Quando efetuada a rastreabilidade será possível o consumidor saber a espécie, onde foi plantado, como foi torrado e como foi colhido o café que estiver adquirindo.
Stephanes veta emendas
Ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, descartou qualquer possibilidade de criar emendas que modifiquem o texto da MP.
Antes mesmo da assinatura do documento os parlamentares da bancada ruralista já haviam formalizado uma lista onde reivindicavam a ampliação de alguns benefícios como reduções adicionais de juros.
Sobre os pedidos dos parlamentares, o ministro lembrou que o pacote de medidas anunciado pelo governo resolve 80% das necessidades do setor rural e podem favorecer 2,8 milhões de contratos, que representam R$ 75 bilhões.
Com a renegociação da dívida agrícola, o governo federal acelera a liberação dos financiamentos para os produtores de café. A expectativa é de que, com a liquidação das dívidas, os cafeicultores voltem a tomar os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que na última safra ficou com mais de R$ 600 milhões ociosos.
Em 2007, dos R$ 2,26 bi liberados apenas R$ 1,6 bilhão foi aplicado efetivamente. “A repactuação das dívidas vai dar uma folga maior ao produtor e a demanda dos recursos vai ser maior”, avalia Lucas Tadeu Ferreira, diretor do Departamento de Café (Dcaf) do Ministéiro da Agricultura. Segundo ele, uma das razões para o produtor de café não ter tomado esse recurso na última safra é o nível de endividamento, uma vez que o risco da operação é atribuído ao banco.