CERRADO
30/05/2008
Quem garante a qualidade?
Wanderley Araújo
O sistema globalizado de consumo está tornando cada vez mais rigorosa a entrada de produtos agropecuários no mercado externo.
Para garantir participação nas cotas de exportações, os agricultores brasileiros necessitam certificar itens como soja, arroz, feijão, frutas, carne, leite e café com selos de credibilidade internacional.
Para isso, enfrentam dificuldade, pois somente agora o governo brasileiro, por intermédio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), começa a instituir normas oficiais para certificações capazes de dar garantias quanto à origem e a qualidade dos produtos nacionais vendidos ao mercado externo. Rogério Dias, coordenador de Agroecologia do Mapa, diz que o Programa Integrado de Produção de Frutas (PIF), criado para dar sustentação à certificação da fruticultura, é apenas o início de uma política na qual o Brasil pretende unificar todos os critérios de avaliação capazes de dar ao mercado externo a garantia da qualidade dos produtos.
O próximo passo será a criação, até o fim deste ano, de normas oficiais para a certificação de grãos, leite e café. Em 2009, o Ministério da Agricultura deverá instituir dispositivos para padronizar a certificação de outros produtos, como o arroz irrigado, batata, tomate e caprinos.
Criatividade
Enquanto o governo não consolida um mecanismo oficial de certificação, os produtores e as empresas importadoras usam de criatividade para dar aos alimentos brasileiros o aval de entrada em mercados importantes como os EUA, Europa e Japão.
Atualmente os produtos agropecuários chegam ao exterior com a garantia de certificadoras internacionais. Como no Brasil não há normas federais de certificação, os selos internacionais confiam em sistemas criados por alguns governos estaduais e por associações de produtores.
A qualidade do café produzido em Minas Gerais, por exemplo, é assegurada por mecanismos de monitoramento instituídos pela Secretaria de Agricultura daquele Estado e por algumas associações de cafeicultores.
No Vale do São Francisco, o agenciamento de frutas é feito pela certificadora nacional Agrotecnologia, que obedece ao protocolo da Eurepgap (selo internacional).
A Eurepgap (criada por grandes redes de supermercados da Europa), e a Usdkape (selo alemão) são algumas das certificadoras internacionais que possibilitam a entrada de produtos agropecuários no exterior graças à ajuda de parceiros no Brasil.