Serão desviados 5 m3 por segundo, visando a irrigação de 10 a 15 mil hectares no vale do rio Picão. Obra está estimada em R$ 60 milhões.
No próximo dia 28 de agosto, será lançado em Bom Despacho, região centro-oeste de Minas Gerais, o projeto de derivação de água do rio São Francisco para o rio Picão. Pelas projeções dos especialistas, a iniciativa deverá gerar de 10 a 15 mil empregos diretos, além de aumento da produção de grãos e economia de frete para indústrias e produtores que hoje buscam grãos em outras regiões do Estado.
O desvio de água do São Francisco jogará 5 m3 por segundo no rio Picão para irrigar lavouras. Além disso, outros 0,8 m3 por segundo serão desviados para reforçar o abastecimento de água da população de Bom Despacho. No ponto de desvio, a vazão média do rio São Francisco é de 500 m3 por segundo, ou seja, o volume de água a se retirado do São Francisco corresponde a menos de 1,2% da sua vazão média.
Esses 5 m3 por segundo retirados do São Francisco permitirão irrigar de 10 a 15 mil hectares no vale do rio Picão. De acordo com a Embrapa, cada hectare irrigado para produzir grãos gera de 1 a 1,5 emprego direto.
“O projeto trará inúmeras melhorias para a população não apenas de Bom Despacho, mas de toda a região do Alto São Francisco, principalmente benefícios ambientais e produtivos”, ressalta o prefeito Bertolino da Costa Neto.
Entenda mais sobre o projeto
A captação de água no São Francisco para jogar no rio Picão será feita no ponto onde o Córrego dos Machados desagua no Velho Chico. Nesse local, a água será bombeada e despejada num lago que será feito na cabeceira do rio Picão, na comunidade do Garça. A função desse lago é regular a liberação da água e garantir o abastecimento do Picão nos meses de agosto e setembro, período em que não haverá captação no São Francisco devido à seca.
De acordo com a prefeitura, hoje, o produtor de grãos local produz uma safra por ano com todos os riscos climáticos. Com a derivação, ele terá água para irrigar suas terras e poderá produzir até duas safras e meia por ano sem risco climático, multiplicando a produção e gerando empregos.
Além de fornecer água para aumentar a produção de grãos no vale do rio Picão, a derivação ainda tem importância estratégica porque, já que garantirá água para o consumo da população local por, no mínimo, 30 anos, de forma complementar ao volume utilizado a partir do rio Capivari.
Licitação do projeto sai este mês, prevê Sebrae
A previsão do Sebrae é publicar este mês o termo de referência para contratar o projeto executivo da obra, que tem custo aproximado de R$ 1,4 milhão e será bancado pelo próprio Sebrae.
A obra de execução do projeto – construção do canal, instalação de bombas, construção do aterro do lago na comunidade do Garça e desassoreamento de parte do peito do Picão para comportar o aumento do volume de água – está estimada em R$ 60 milhões, com prazo de execução estimado em seis meses.
Custeio da obra
Segundo Bertolino, a proposta é criar uma associação de irrigantes, formada por produtores rurais que vão cultivar lavouras irrigadas de grãos. Essa associação ficará encarregada de custear a implantação do projeto com recursos próprios e financiamentos de longo prazo através de fundos de investimento.