Produtores discutem hoje o preço de venda da erva-mate
VENÂNCIO AIRES > OBJETIVO DA REUNIÃO, À NOITE, É PROMOVER A CULTURA ervais, nativos e com mistura, ocupam 4 mil hectares de área na zona rural
Ainda que ostente o título de Capital Nacional do Chimarrão, Venâncio Aires não encontra mais na cultura da erva-mate toda a sua riqueza econômica. Matéria-prima para a bebida-símbolo do Estado, o produto tem seu preço praticamente estagnado, desestimulando o cultivo pelos produtores do município. Na tentativa de reverter a situação e resgatar os tempos áureos da economia à base de erva-mate, agricultores e líderes de entidades se reúnem logo mais, a partir das 20 horas, na localidade de Palanque, interior da cidade. O encontro tem como objetivo debater, em especial o valor do produto comercializado às indústrias.
O município possui aproximadamente 4 mil hectares reservados para o plantio de erva-mate, nativa e com mistura. Cerca de 800 famílias trabalham com o produto, em meio a outras culturas. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Elemar Walker, a produção de erva-mate hoje não representa mais a sobrevivência desses agricultores. “Na década de 80, os números eram muito mais expressivos. Famílias inteiras eram sustentadas apenas com o cultivo de erva-mate. A partir dos anos 90, o produto sofre com a desvalorização no mercado e que perdura até hoje”, afirma o dirigente.
Walker lembra que em 2000, em função da queda do preço, produtores arrancaram 40% dos ervais do município. “Alguns queriam melhorar a propriedade, com culturas de fácil manejo e poucas despesas”, diz. Segundo o sindicalista, encerrava-se o período do ouro verde. A expressão, inclusive, consta na letra do hino municipal. “Durante muitos anos não havia correção do preço, que reagiu suavemente de três anos para cá. Mesmo assim, não é suficiente para suprir as necessidades de uma família. O padrão de vida de um fumicultor é muito melhor”, compara.
QUALIDADE
O preço pago pelas indústrias do município na compra da arroba varia de R$ 3,00 a R$ 3,50, conforme o secretário adjunto da Agricultura, Lauro Kist. Produtores se queixam que em outras cidades o produto, com as mesmas propriedades, chega a ser vendido pelo dobro do valor. O ideal, de acordo com Walker, seria que as indústrias pagassem R$ 5,00 pela arroba. Dessa forma, os agricultores teriam condições de investir na qualidade da produção. Ainda assim, ele elogia a erva produzida na cidade: “A qualidade está muito boa. Se a produção fosse maior, as indústrias poderiam colocar mais erva-mate no mercado”.
Encontrar um denominador comum entre produtores e ervateiras é o grande objetivo da reunião de hoje à noite. Para o presidente do STR, a solução está em promover ações em conjunto, com todas as esferas do poder público e privado. “Se isto for colocado em prática, poderemos recuperar a produção de erva-mate em até quatro anos. Temos tudo para isto: terra fértil, indústrias e agricultores prontos para fornecer a matéria-prima”, ressalta ele, que torce pelo retorno da época do ouro verde.