PESQUISA DA UNIFESP REVELA QUE 40% DOS ADOLESCENTES NÃO CONSOMEM REGULARMENTE O CAFÉ DA MANHÃ

Considerado por especialistas como uma das refeições mais importantes do dia para manter o equilíbrio do organismo, o café da manhã é, praticamente, riscado do cardápio dos adolescentes. Entre os obesos, seu consumo
é ainda mais prejudicado.

De acordo com a nutricionista Eliana Cristina de Almeida, autora da pesquisa apresentada como dissertação de mestrado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o café da manhã deveria compor 25% do valor calórico total diário e compreender o consumo concomitante de carboidratos, vitaminas, minerais, proteínas e cálcio.

Entretanto, dos 1.129 adolescentes analisados, de ambos os sexos, 40,7% nunca ou irregularmente o consumia. A prática, pouco aconselhável, atinge tanto os indivíduos obesos ou com sobrepeso (53,7%), quanto os eutróficos – com peso considerado dentro da normalidade – (38,2%). Somente 6,3% e 12,8% da população estudada realizavam, respectivamente, esta refeição corretamente, ingerindo todos os nutrientes necessários após longas horas em jejum.

Na pesquisa, os adolescentes que afirmavam fazer a refeição matinal de forma incompleta, consumiam, em média, apenas 16,8% do valor calórico total diário. E o que é pior: ingeriam lipídios (gorduras) acima do recomendado para o café da manhã e prejudicavam a ingestão dos carboidratos. “Esse tipo de alimentação desbalanceada, com maior consumo de gorduras pode levar esses adolescentes ao aumento de peso”, afirma Eliana. “Pular as refeições é outro erro. O indivíduo sempre acaba compensando na alimentação seguinte”.

A pesquisadora, que foi orientada por Mauro Fisberg, pediatra e coordenador clínico do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA) da Unifesp, explica que além de ser um fator de risco para a obesidade, não consumir o café da manhã regularmente também pode acarretar alteração do colesterol total e dos níveis de glicose no sangue, desenvolvendo diabetes precocemente.

Consumo de alimentos light/diet sem orientação

A percepção e a insatisfação com a imagem corporal, além do estado nutricional, também estão fazendo os adolescentes consumirem alimentos light e diet sem orientação profissional.

A conclusão é de uma pesquisa que foi tema de mestrado na Unifesp e que analisou 1009 adolescentes entre 14 e 19 anos de uma escola pública da cidade de São Paulo.

A nutricionista Lucia Maria Branco, autora do estudo, verificou que entre os consumidores mais assíduos desses produtos estão as meninas (32%). Entretanto, elas ficam em segundo lugar no ranking quando são comparadas aos adolescentes obesos: 53% do sexo masculino utilizam com freqüência contra 49% do sexo feminino. “Ainda não existem estudos que mostrem os efeitos do consumo regular desses produtos à saúde do indivíduo. Porém, as pessoas não devem tê-los como base de sua alimentação”, afirma a pesquisadora. “Além de serem industrializados, eles possuem componentes, como os corantes, que podem causar alergias. É preciso alterar o consumo diário dos produtos light e diet com alimentos naturais sempre que possível”.

Para Maria Odete Hilário, orientadora da pesquisa e responsável pelo Setor de Reumatologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Unifesp, os adolescentes que consomem esse tipo de alimento sem orientação nutricional têm a falsa sensação de liberdade para ingerirem outros alimentos que, sem saberem, contribuem ainda mais para o ganho de peso.

Apesar de consumirem em maior quantidade alimentos light e diet, 43% dos meninos obesos não se consideram “tão fora do peso”. Entre os considerados com sobrepeso, esse índice aumenta consideravelmente (70%).

Já as meninas parecem sofrer um processo inverso: além de superestimarem sua condição de sobrepeso, também foram as que mostraram maior insatisfação com a imagem corporal. “As mulheres são mais preocupadas com a aparência e sempre sofreram uma pressão social maior para se manterem dentro do padrão de beleza imposto pela sociedade”, afirma Lucia. “Essa cobrança, infelizmente, está presente cada vez mais cedo entre as meninas”.

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