Publicação: 05/02/07
O Brasil vai precisar elevar a produção de café em 20% até 2010 para atender o crescimento contínuo tanto da demanda interna quanto externa. A estimativa é que colheita anual média das lavouras saia das atuais 37 milhões de sacas (60 quilos) para 45 milhões de sacas se a projeção da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) – de aumentar o consumo interno anual da bebida para 21 milhões de sacas em 2010 – se confirmar. “Em 10 anos a produção precisa ir para 52 milhões de sacas”, disse o secretário de Produção e de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Linneu da Costa Lima.
Segundo ele, a demanda média anual está cinco milhões de sacas a mais que a produção média. Para garantir o abastecimento, o secretário reconhece ser necessário expandir o investimento na adubação e na renovação dos cafezais. Enquanto isso, o governo teria que garantir um preço médio remunerador ao produtor.
Com a mesma opinião, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli, diz que se o governo quiser aumentar a produção terá de ajudar a cafeicultura. “Sem renda fica difícil o produtor investir”, diz. Segundo Miarelli, o cafeicultor vem fazendo um esforço “enorme” para manter o parque cafeeiro, mesmo sem preços remuneradores. “Apesar da alta das cotações da commodity verificadas nos últimos meses, o preço interno não é remunerador, mediante a depreciação do dólar que reduz a receita dos produtores que exportam”, afirma.
De acordo com ele, em alguns casos o produtor ainda vende a mercadoria abaixo do custo de produção. Com base em dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Miarelli afirma que os custos médios de produção são de R$ 200 a R$ 220 a saca, enquanto o preço médio fica entre R$ 270 e R$ 260 a saca. Mas, diz, nem todo o café é vendido nesta média. Dependendo da qualidade, o preço é menor. Diante deste cenário, Miarelli enfantiza que os produtores ainda não conseguiram recuperar o prejuízo acumulado entre 2001 e 2004, estimado em R$ 2,5 bilhões.
Ainda assim, o produtor manteve o parque cafeeiro, apesar de ter reduzido a área de produção – que chegou a 2,5 mil hectares, antes da crise, produzindo 48,4 milhões de sacas (2002/03) e hoje é estimada em 2,086 mil hectares. A produtividade dos cafezais dobrou de 10 sacas por hectare para 18 ou 20 em 10 anos. O presidente da Associação dos Cafeicultores da região de Patrocínio (Acarpa), Wilson José de Oliveira, diz que 40% do parque cafeeiro velho (12 anos no mínimo), de 27 mil hectares, da região de Patrocínio vem sendo renovado nos últimos quatro anos. Antes a área era de 37 mil hectares.
kicker: Consumo em 2010 deverá chegar a 21 milhões de sacas,o que indica a necessidade de produção maior de café