Orgânicos – Processamento pode expandir fronteiras de alimentos sem agrotóxicos

29 de dezembro de 2009 | Sem comentários Café Orgânico Produção

28 de Dezembro de 2009


 


Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil


São Paulo – O beneficiamento de produtos orgânicos pode ser uma maneira de abrir novos mercados, diz a empresária Fernanda Kurebayashi, que dá como exemplo as geleias que fabrica em Gonçalves, no sul de Minas Gerais.


A framboesa orgânica plantada na região é uma fruta muito frágil e necessita de uma série de cuidados, como transporte refrigerado, para chegar intacta ao consumidor final. A empresária destaca que, mesmo com tais precauções, as longas viagens acabam gerando perdas que são repassadas ao agricultor.


Porém, ela garante que a geleia orgânica de framboesa chega em perfeito estado a lugares como os estados do Amazonas e de Santa Catarina e a cidades da França e da Alemanha. Por isso, ela afirma que a associação entre agricultores e processadores, além de agregar valor ao alimento, permite à produção “ultrapassar barreiras”. Fernanda ressalta que, depois de processado, o produto pode ser conservado por até dois anos.


Segundo a empresária, a exportação de frutas in natura é possível somente com o uso de grandes quantidades de conservante ou com métodos muito caros de congelamento, o que torna esse tipo de comercialização viável apenas para grandes produtores.


Para Fernanda, a produção orgânica inverte essa lógica. “Outra vantagem do orgânico é essa, pequenos produtores conseguem ter uma rentabilidade que não teriam trabalhando no modelo convencional.” No caso das geleias orgânicas, cada vidro custa o dobro do produto convencional.


Esse nicho abre espaço inclusive para comunidades tradicionais como os quilombolas de Ivaporunduva, no município paulista de Eldorado. A banana produzida na região é orgânica por tradição. “Nossos antepassados nunca trabalharam com veneno, desde que fundaram a comunidade”, explicou José Rodrigues, que foi duas vezes coordenador da associação dos 35 produtores da comunidade.


Segundo Rodrigues, os quilombolas estão buscando certificação para outras culturas, como mamão, limão e abobrinha, para rotular como orgânicos produtos que historicamente são plantados sem agrotóxicos ou aditivos químicos.


O agricultor diz que a certificação permitirá que a comunidade estabeleça contratos com grandes redes de supermercado, como já está sendo negociado para a produção de banana.


No entanto, ele aponta uma “pequena dificuldade que precisa ser superada”: a travessia de um rio, necessária para escoar as bananas, ainda é feita de balsa. De acordo com Rodrigues, essa barreira logo será superada com a construção de uma ponte.


 

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