25/01/2007 12:01:08 – Último Segundo
Rocambole de foie gras. Ostras frescas.
Ceviche de mariscos. Este é o cardápio do almoço no Google. E é de graça para quem trabalha na empresa. O mesmo vale para o café da manhã e o jantar.
Os empregados mais mimados do mundo deleitam-se com refeições preparadas por chefs saídos de alguns dos melhores restaurantes da região da Baía de San Francisco. Pouco antes do meio-dia, os funcionários recebem via e-mail os cardápios diários de 11 “cafés” temáticos espalhados pela sede da companhia, no subúrbio. Dependendo do café escolhido, o almoço pode transportá-los para um local exótico e distante: Índia, México, Espanha, China.
Sei o que vocês estão pensando: todos deveríamos ter a sorte de comer como os reis do Google. Deve haver um porém. E há. Na verdade, mais de um.
A maioria das grandes companhias dos EUA ainda opera restaurantes com um apelo principalmente prático: proximidade, não qualidade. Há anos, as empresas e universidades usam produtos alimentícios de atacado, que satisfazem as massas, mas freqüentemente decepcionam o paladar.
Para os 10 mil empregados do Google, a maioria na sede de Mountain View, a comida virou parte da identidade da companhia. O motor de busca, que se orgulha de ser um inovador na tecnologia, usa a mesma abordagem na comida: não se conforma com um simples purê de batatas. Não; o Google apóia a agricultura local, a produção orgânica e a comida saudável.
“A qualidade da comida é quase inacreditável. Contamos às pessoas e elas não acreditam”, disse Charles Haynes, um gerente de engenharia.
Agora, o porém. Não sair para as refeições significa que os funcionários trabalham mais tempo. Os executivos reconhecem prontamente que seu objetivo é manter a produtividade dos empregados. O Google não revelou o custo total, mas executivos dizem gastar diariamente US$ 10 por pessoa com comida, pagando ainda a conta de visitantes. Isso significa que o custo passa de US$ 100 mil por dia.
Mas mesmo isso tem um custo-benefício melhor que a saída de milhares de empregados para o almoço, disse a porta-voz Sunny Gettinger. Quase todos os funcionários fazem pelo menos uma refeição por dia na sede. “E ninguém traz o próprio almoço.” A comida – particularmente a gratuita – sempre foi um privilégio oferecido pelas companhias de tecnologia em rápido crescimento, especialmente no fim dos anos 90. Se não oferecem mais almoço de graça, muitas grandes empresas tecnológicas oferecem um ótimo desconto.
Mas o Google eleva isso a um nível tão fenomenal quanto seu crescimento.
Existe outro porém: com tanta comida boa, os empregados estão engordando. Entre outras medidas para combater o fenômeno, alguns lanches com gorduras trans foram banidos.
A refeição gratuita do Google pode não durar para sempre. Na maioria das companhias tecnológicas ambiciosas, “assim que as ações começam a cair, a comida é um dos primeiros privilégios cancelados”, afirmou o consultor de tecnologia Tim Bajarin. Ele acrescentou: “Considerando a receita incrível que o Google continua a gerar, não imagino que isso vá acontecer logo.” –>