AGRONEGÓCIO
30/07/2008
Melitta investirá R$ 500 milhões
São Paulo, 30 de Julho de 2008 – A preocupação com o aroma do café fez nascer, há 100 anos, a Mellita. Hoje, a busca por qualidade é constante entre as indústrias do setor. A empresa, que se torna centenária neste ano, promete investir R$ 500 milhões na subsidiária brasileira até 2012.
Naquele ano de 1908, em Dresden (Alemanha), o então lojista Hugo Bentz reclamava do sabor amargo – ou, às vezes de mofo – no café feito por sua mulher, Melitta, que também não apreciava o gosto da bebida e desconfiava que o problema era o coador de pano. Um dia, a dona de casa decidiu experimentar coar o café de um jeito diferente: fez furos em um caneco de latão e forrou o recipiente com um papel mata-borrão, surrupiado do caderno do filho Willy. Depois furou uma tampa, colocou em cima do caneco e coou o café. Estava criado o filtro de papel. Seu marido e ela ficaram felizes e perceberam que o novo café poderia agradar a outras famílias. No prédio onde moravam nascia a Melitta, hoje multinacional alemã presente em mais de 60 países, com mais de três mil funcionários em todo o mundo e faturamento de R$ 3,3 bilhões em 2007.
“Construímos nosso sucesso a partir da invenção da minha avó e o café representa 62% de nossas vendas, constituindo-se a categoria mais importante do grupo”, diz Thomas Bentz, um dos presidentes globais do grupo, cujos negócios ainda incluem produtos para limpeza e embalagens. O conglomerado integra o ranking das 100 maiores empresas da Alemanha.
“O crescimento e a inovação fazem parte de nossa história e o Brasil é prioridade nos próximos cinco anos”, afirma. Ele anunciou investimentos de R$ 500 milhões na subsidiária brasileira até 2012, a segunda maior do grupo, atrás apenas da matriz. “O clima da economia é muito encorajador, apostamos no Brasil muito antes do país conseguir o grau de investimento e vemos um grande potencial aqui”, diz o neto de Melitta. A subsidiária é líder de mercado no segmento de café a vácuo e em filtros de papel. Em 2007, a filial faturou R$ 534 milhões, crescimento de 25,5% no comparativo com 2006.
A estratégia da empresa é ampliar a capacidade instalada nas três fábricas instaladas no País, nas cidades de Avaré (SP), Bom Jesus (RS), destinadas à produção do café e Guaíba (RS), voltada para os filtros de papel. “Nosso foco é a ampliação das unidades e da produção. Em quase todas as linhas trabalhamos com dois turnos e ainda temos espaço para crescer sem novas aquisições”, diz Bernardo Wolfson, presidente da subsidiária brasileira. O alinhamento de novas tecnologias nos nove centros de distribuição da empresa integram o pacote de medidas voltadas para a expansão até 2009.
“Podem haver aquisições no futuro, mas no momento não há nenhum negócio neste sentido, mas podemos considerar projetos fora da nossa carteira de negócios”, diz Bentz.
Instalada no Brasil há 40 anos, a Melitta – quarta colocada no ranking da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) entre as maiores indústrias brasileira por produção de sacas – cresce entre 4% e 6% desde 2003. O ritmo supera a taxa média de aumento do consumo nacional, que em 2007 foi de 4,74%.. “Pretendemos crescer tanto no consumo per capita como no segmento dos cafés de qualidade, como nos produtos a vácuo”, diz Wolfson. No Brasil, o consumo de café por habitante é de 5,3 quilos, enquanto nos Estados Unidos é de 5,5 quilos. Na Europa, o índice alcança 8 quilos por pessoa.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 10)(Leda Rosa)