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Os preços internacionais do café deverão variar em um largo intervalo nos próximos meses, em meio a fundamentos sólidos, avaliou nesta quinta-feira um diretor da torrefadora italiana Lavazza.
O café e outras commodities soft têm apresentado volatilidade recentemente, em meio à turbulência global nos mercados financeiros, que repercutiu em todos os demais.
No entanto, os fundamentos de oferta e demanda continuam sólidos, disse Mario Cerutti, diretor do departamento de compras de café na Lavazza, a sétima maior torrefadora mundial.
“O café arábica tem sido negociado entre US$ 1,30 e US$ 1,50 (por libra-peso) há meses…e é provável que continue assim por mais alguns”, declarou Cerutti.
Os futuros dos grãos arábica e robusta caíram para o menor nível desde o final de 2007 nesta quinta-feira, atingidos juntamente com outras commodities pelo fortalecimento do dólar.
“Os preços do robusta devem recuar ligeiramente nos próximos meses, eu indicaria uma variação de US$ 1,9 mil (por t) para US$ 2,2 mil ou acima de US$ 2,4 mil. Mas nós poderemos ver algumas oscilações a curto prazo”, relatou Cerutti.
A previsão de fortes safras nos principais países produtores de café deve estimular a produção global no ano comercial 2008/09 em “alguns milhões de sacas” acima dos 131 milhões previstos pela Organização Internacional de Café (OIC).
Assim, o mercado cafeeiro deve presenciar um excedente neste ano, que será destinado à formação de estoques e, portanto, a produção maior não irá interferir nos preços da commodity.
“Eu vejo um mercado justamente equilibrado. O excedente será facilmente absorvido e não irá pesar de forma negativa no mercado” disse ele.
Cerutti revelou que não está preocupado com o déficit em 2009/2010 – previsto em grande parte devido ao declínio no ciclo bienal de café brasileiro -, porque a queda na produção do Brasil deverá ser menor do que a habitual.
“Parece que as safras serão menos cíclicas que o normal no próximo ano. Com certeza será um ano de perdas (nas lavouras brasileiras), porém aparentemente não será tão crítico. As plantações (de café) aparentam boas condições”, finalizou.