A vigilância sanitária japonesa está inspecionando 10% das cargas de produtos agropecuários para verificar a ocorrência de resíduos de 758 substâncias agroquímicas.
A vistoria, por amostragem, começou no dia 29 e pode afetar as exportações de café do Brasil para o Japão – quarto maior comprador de café brasileiro.
Em 2005, o mercado japonês representou cerca de 10% da receita cambial com as vendas do produto no mercado externo, o equivalente a US$ 233 milhões. Para o café foram proibidos os resíduos de dois princípios ativos, o azocyclotin e cyhexatin, presentes em acaricidas, além do limite máximo impostos a cem outras substâncias.
De acordo com o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli, algumas das substâncias com restrições podem ter sido usadas na última safra. Pelas regras do governo japonês, após três violações detectadas em um mesmo produto, as compras do país de origem serão canceladas.
No caso dos acaricidas utilizados, a região mais atingida é o cerrado, que responde por quase metade dos embarques com destino ao Japão. As demais substâncias, que compõe outros fungicidas e inseticidas podem afetar todos os cafeicultores. “Estamos extremamente preocupados com a situação”, afirma Miarelli.
Segundo ele, além de ser o quarto maior comprador de café do país, o Japão é também um dos mercados que paga melhores preços ao grão brasileiro.
Controle v
O gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Joaquim Goulart de Andrade, explica que as duas substâncias proibidas são praticamente as únicas que possuem registro na cultura do café para combater o ácaro da leprose.
“Neste caso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento terá de autorizar o uso de outros acaricidas que não contenham os elementos proibidos”, diz Andrade. O setor vai tentar barrar as restrições junto às autoridades japonesas.
Para isso, se reunirá com representantes da indústria de agrotóxicos solicitando que, com embasamento técnico, mostrem aos japoneses que não é preciso impor esses limites ou, em caso contrário, apontem alternativas de uso a esses elementos químicos.
“Os parâmetros de alguns produtos são superiores às normas brasileiras e, em alguns casos, os japoneses ainda não têm estudos sobre o tema. Certamente as empresas do Brasil podem provar que seus valores de segurança são factíveis”, avalia o consultor de Cafés Especiais da Cooperativa Agropecuária dos Cafeicultores da Região de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso), César Augusto Corrêa Candiano.
O encontro será na quarta- feira, na sede da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef