Indústrias querem café na merenda

18 de maio de 2006 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Valor Econômico


O Brasil levar para a próxima reunião do conselho da Organização Internacional do Café (OIC), que será realizada em Londres na próxima semana, propostas e subsídios para tornar viável a inclusão do café na merenda escolar de países produtores e proporcionar o aumento do consumo da bebida.


A OIC busca fórmulas para fazer com que o consumo interno de seus países-membros siga a tendência do Brasil, onde o aumento anual tem sido de cerca de 5%. Em 2005, o consumo no país foi equivalente a 15,5 milhões de sacas, ante 8,2 milhões em 1990. A meta brasileira é atingir 21 milhões de sacas em 2010. A proposta de incluir o café na merenda escolar terá um plano-piloto doméstico.


Segundo Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o segmento procurará escolas públicas e privadas e focará ações em crianças de seis a sete anos e em adolescentes. “Estamos elaborando o plano, para ser lançado ainda em 2006, em parceria com fornecedores de outros produtos, como leite e elaborados à base de milho”, revelou. A iniciativa tem como pano de fundo uma clara concorrência com outros produtos, como refrigerantes.


Nestor Osório, diretor-executivo da OIC, disse ao Valor que países como Colômbia, Índia e Indonésia estão interessados em aumentar o consumo em seus territórios e deverão mesmo se apoiar na experiência brasileira. No ano passado, o consumo no Brasil correspondeu a 13% do total mundial, o que posicionou o país como o segundo maior consumidor de café no planeta, depois dos Estados Unidos.


A inclusão do café na merenda escolar, que será proposta pela indústria de torrefação, faz parte de um elenco formado por quatro programas que estão sendo desenvolvidos pela Abic: qualidade, marketing, saúde e consumidor. “A merenda, com inclusão do café e retirada de outras bebidas, visa ajudar os programas de combate à obesidade crônica infantil. Nos Estados Unidos já estão sendo proibidos refrigerantes nas escolas, preocupação defendida por uma entidade nacional presidida pelo ex-presidente Bill Clinton”, acrescentou Herszkowicz.


Os representantes da OIC e da Abic que fizeram ontem exposições sobre a produção e o consumo mundiais nos próximos dez anos em seminário internacional promovido pela Associação Comercial de Santos, defenderam a necessidade de planos internos dos países produtores em direção ao crescimento do consumo. Segundo Osório, quando menor a renda per capita dos países, menor também o consumo de café.


Conforme o diretor da entidade internacional, o mercado passa por uma fase de sustentação dos preços. “Embora não haja informações concretas sobre estoques nos países produtores, há indícios de que as exportações têm diminuído, enquanto os importadores têm recorrido a estoques próprios. Hoje esses estoques estão por volta de 18 milhões de sacas, contra entre 22 milhões e 23 milhões de sacas há seis meses”, disse Osório. Osório estima que os estoques com os produtores mundiais esteja atualmente por volta de 22 milhões de sacas, 8 milhões das quais com o Brasil – o que, de acordo com ele, “é bem pouco”.

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