O prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou hoje a lei que autoriza a venda de comida de rua em São Paulo nos “food trucks”, os furgões móveis.
Haddad, porém, vetou a venda de alimentos em barracas ou carrinhos montados dentro de garagens ou em qualquer tipo de imóvel particular – na periferia paulistana e nos arredores de faculdades, por exemplo, é comum moradores transformarem a garagem em lanchonete, sorveteria ou bar, entre outros tipos de comércio improvisados nos chamados “puxadinhos”.
Outro veto foi ao período de concessão (dois anos, renováveis por mais 12 meses), o que será definido pelo Executivo em decreto que será publicado em 60 dias.
A mudança deve agora atrair, além de barracas do tradicional churrasco grego e do yakissoba, pratos da alta gastronomia com preços mais em conta. Alguns restaurantes como o francês La Casserole, a hamburgueria americana PJ Clarke’s e o brasileiro Dalva & Dito, do chef Alex Atala, pretendem ganhar versões informais em “food trucks”.
O projeto, de autoria dos vereadores Andrea Matarazzo (PSDB), Arselino Tatto (PT), Floriano Pesaro (PSDB), Marco Aurélio Cunha (PSD) e Ricardo Nunes (PMDB), foi aprovado pela Câmara Municipal no final de novembro, em segunda votação.
Na sanção, o prefeito autoriza o comércio de comida de rua em furgões com até 6,30 metros de comprimento ou em carrinhos e barracas desmontáveis ao final do expediente de venda. O vendedor com licença para trabalhar na calçada deverá manter 1,2 metro de passagem livre para os pedestres.
O chefe do Executivo, porém, vetou a criação de uma comissão, com integrantes da sociedade civil e das subprefeituras, que definiria os permissionários em cada região da cidade. O decreto que vai regulamentar o funcionamento da venda de comida de rua em São Paulo deve sair em 60 dias.
No decreto, o prefeito, com auxílio de uma comissão formada por técnicos da Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal da Saúde, vai definir quais tipos de alimentos poderão ser vendidos nos furgões e como será a emissão das licenças.
A Prefeitura deve estar com a estrutura montada para receber os pedidos de concessão de ponto nas 31 subprefeituras só a partir do segundo semestre de 2014.
FURGÕES
A mudança deverá espalhar pelas ruas da capital os furgões comuns em Nova York e em algumas capitais da Europa. A legislação em vigor na capital paulista hoje só permite que vendedores de cachorro-quente tenham autorização para trabalhar nas ruas. Mas, desde abril de 2007, nenhuma licença é emitida.
Nas feiras livres estão liberados apenas os vendedores de pastéis. Até os sanduíches de calabresa foram proibidos nos estádios de futebol a partir de 2010, por determinação da Vigilância Sanitária. A feira realizada na Liberdade aos domingos é uma das únicas exceções, com barracas que vendem de guiozas a codornas assadas na brasa.
Nos fins de tarde no centro, principalmente na Rua Barão de Itapetininga, é comum ver vendedores informais de espetinho e de yakissoba correrem da fiscalização da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
DOAÇÕES
A lei aprovada pela Câmara também reduzia regras para a distribuição de comida nas ruas de São Paulo, o que hoje só pode ser feito com autorização da subprefeitura da região.
Na sanção da nova lei, Haddad determinou que a distribuição de alimentos industrializados, “registrados nos órgãos de vigilância sanitária e que não dependam de manipulação para preparo”, estão livres dos pedidos de autorização.
Hoje muitas ONGs (organizações não-governamentais) são multadas por distribuírem alimentos principalmente no centro, reduto de centenas de moradores de rua, sem pedido prévio de autorização feito na Subprefeitura da Sé.