Data: 09/06/2006
As vendas de produtos de marca própria seguem em alta nas grandes redes supermercadistas. No Carrefour , a participação da marca própria, dentro das categorias onde está inserida, já está em 12%, ante os 10% registrados no ano passado. No Pão de Açúcar , maior varejista do País, a expectativa é ampliar a participação desses itens de 12% para 15% até o final do ano.
Os números refletem a forte aposta do grande varejo nos produtos exclusivos, que gerou maiores investimentos no desenvolvimento e na ampliação da linha. Ontem o Wal-Mart anunciou que ultrapassou a marca de 11 mil itens de marca própria em suas lojas, alcançando assim o Carrefour entre os maiores varejistas do segmento no País (veja gráfico). A explosão no mix da companhia, que comercializava por volta de 6,4 mil itens em meados de 2005, se deve à aquisição no sul brasileiro da rede Sonae, que detinha 4,7 mil produtos próprios. “No Sul, já encontramos uma linha de marca própria bem desenvolvida.
Só realizamos o trabalho de adequar o mix de lá com o das demais lojas do grupo, levando pra lá os melhores produtos já vendidos nas outras regiões”, afirma Cláudio Iriê, diretor de marcas do Wal-Mart. Recentemente, o grupo iniciou na rede de hipermercados Big — que estava no pacote do Sonae — a venda de 15 itens de eletros da marca própria Durabrand. Só neste ano, o Wal-Mart prevê lançar 300 itens, sendo que 170 deles já chegaram às lojas.
A varejista registra crescimento anual de 25% no volume de vendas na linha e a participação dentro da categoria chega a atingir 50%, caso da água sanitária. Apesar do movimento nas grandes redes, na média, a participação da marca própria no varejo total mostra apenas estabilidade. Números da ACNielsen mostram que a linha representou 4,7% das vendas supermercadistas em 2005, ante 4,6% no ano anterior.
Contudo, os gigantes têm realizado alguns esforços na qualificação, exposição e diversificação dos produtos para atingirem índices bem superiores à média. No ano passado, o Pão de Açúcar investiu R$ 18 milhões no desenvolvimento de marca própria, 10% a mais do que em 2004. A expectativa é de aumento de 40% no volume de negócios neste ano.
Além de proporcionar ao consumidor preços inferiores à média, o negócio se apresenta como uma alternativa de boa rentabilidade ao setor, uma vez que as margens brutas giram ao redor de 30%, acima do ganho médio de 22% a 25% nos demais produtos. “Damos um tratamento especial, oferecemos um sortimento adequado e temos um custo/benefício conveniente ao mercado. Isto faz com que as vendas estejam em franca expansão”, afirma Pablo Rego, diretor de marca própria do Carrefour. De acordo com o executivo, as vendas destes itens cresceram em 52% no ano passado. No ano passado, a companhia fez um amplo trabalho de reestruturação da linha, onde apostou em novas embalagens e produtos. Fornecedores Apesar de representar a perda de espaço para muitas indústrias que não trabalham o conceito, a marca própria tem possibilitado com que fabricantes de porte pequeno ou médio cheguem à grandes varejistas e possam usá-las como plataforma para atingir o mercado exterior.
Dos 250 fornecedores do Wal-Mart, três se tornaram fornecedores de lojas do grupo no exterior, caso das empresas Beneficiadora Boa Vista , Comércio de Doces Lucky e Iguaçu Café Solúvel. Atualmente, o grupo tem apenas um fornecedor nacional para eletros marca própria, a CCE , mas adianta que já está em negociação com outro fabricante brasileiro. “Negociamos uma linha que não há na concorrência”, afirma Cláudio Iriê, sem dar mais detalhes. No Carrefour, segundo maior supermercadista brasileiro, são 140 fornecedores só nas áreas de alimentos, limpeza e perfumaria. “A grandíssima maioria é do Brasil”, informa Pablo Rego. A varejista tem planos de exportar parte de seus produtos de marca própria ainda neste ano. MARCAS PRÓPRIAS