Publicação: 16/11/06
O governo estuda a adoção de uma nova política agrícola, dando prioridade à questão tributária. A intenção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento será atender os pleitos do setor, que reivindica a desoneração de impostos e estímulos para o desenvolvimento da agricultura. As mudanças fazem parte de um relatório que o ministério está elaborando e que será debatido com a área econômica do governo. “Um dos temas específicos é a questão tributária”, disse o ministro Luís Carlos Guedes Pinto, que participou anteontem da reunião do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Ele disse ter conversado na semana passada com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a liberação de recursos para o seguro rural e sobre a integração das ações em portos, aeroportos e postos de fronteiras – pontos que também serão abordados no relatório. O ministro ressaltou ainda a necessidade de diversificar as fontes de financiamento agrícola, dar mais apoio ao seguro rural e trabalhar mais com o mercado futuro. “Pensamos em um conjunto muito amplo a fim de reduzir as oscilações de renda do setor”, diz.
Segundo ele, o relatório vai orientar as atividades do governo no próximo mandato. Entretanto, ele deixou dúvidas se deixará ou não a pasta. “Este é um tema que não me preocupa. O presidente tem tempo pela frente, está fazendo uma análise do conjunto do governo”, disse. Guedes Pinto voltou a apostar na recuperação da agricultura. “Vivemos uma crise muito forte nos últimos dois anos, mas acredito que agora estamos em um ponto de inflexão, estamos saindo dessa crise”, diz.
Mercosul Pressionado pela indústria sucroalcooleira que diz não existir vontade política para solucionar os problemas que o açúcar nacional enfrenta nas negociações do Mercosul, Guedes Pinto declarou que questão será levada ao Itamaraty. “Nossa proposta é encaminhar ao Itamaraty para coordenar as negociações”, disse. Ele não estabeleceu data para encaminhar a reivindicação.
O açúcar está fora da lista de negociações do Mercosul em virtude da resistência da Argentina em defender o seu produto. “Isso existe há 15 anos e até agora nada foi feito”, criticou o presidente da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho. Diante disso, diz Carvalho, o produto não pode participar das negociações internacionais.