Governo amplia verba para apoiar exportação

29 de outubro de 2007 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: DCI

Cada vez mais pressionada pelos segmentos de exportadores que são impactados negativamente pela valorização do real em relação ao dólar, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) terá em 2008 um orçamento aproximadamente 40% superior ao de 2007. Passará dos atuais R$ 327 milhões para R$ 409 milhões.


Este crescimento da previsão orçamentária da Apex foi possibilitado pela inclusão da agência no sistema de financiamento que utiliza a receita de contribuições sobre a folha de salários das empresas. Também está relacionado ao problema cambial, porque ele impõe ao Governo Federal a responsabilidade de contrabalançar os efeitos negativos da valorização da moeda nacional com ações que garantam a manutenção das taxas de crescimento das exportações. De acordo com o presidente da agência, Alessandro Teixeira, “o efeito negativo do câmbio aos exportadores não se discute. Logo, o papel do governo, através da Apex, é agir para se contrapor a esta circunstância e possibilitar que as empresas desenvolvam seu potencial exportador”.


Ações


As ações da agência, a partir desta perspectiva, objetivam reduzir o custo do exportador de modo que esta redução possa ser transferida ao preço final do produto a ser exportado. Compensando assim, a elevação que decorreria da apreciação cambial do real em relação ao dólar.


As medidas da Apex estão concentradas em dois elementos centrais: na ampliação dos centros de distribuição ao redor do mundo e no desenvolvimento dos escritórios que desenvolvem a inteligência de mercado. “Tanto os centros de distribuição quanto os escritórios que realizam pesquisas em relação ao mercado, à burocracia e logística de cada nação, são elementos que reduzem consideravelmente as despesas dos exportadores, o que possibilita compensar a perda da competitividade causada pela questão cambial”, frisa Teixeira.


Outra preocupação da agência é promover os produtos brasileiros em novos mercados, em especial onde a moeda local também tem se valorizado em relação ao dólar ou onde o custo dos fretes é menor devido à distância. É o caso do mercado latino-americano. Para tanto, a Apex busca desenvolver parcerias com outras agências de fomento do comércio exterior da região. Entre os dias 12 e 15 de dezembro, no Rio de Janeiro, promoverá o 1º Encontro das Agências de Promoção de Exportações da América Latina e Caribe. O evento deve contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na inauguração. Teixeira diz que “o Brasil tem obrigação, como maior economia do subcontinente, em promover o intercâmbio de informações que possam decorrer no incremento das trocas comerciais regionais, ainda pequenas diante de todo o potencial verificado”.


A exportação ao mercado latino-americano tem sido, inclusive, a alternativa que a Indústria de Bens de Capital Mecânicos tem encontrado para compensar as perdas que estão sofrendo nos Estados Unidos por causa do câmbio. Considerando o faturamento com as vendas externas entre janeiro e setembro de 2007 em relação ao mesmo período de 2006, verifica-se uma redução ao mercado norte-americano de 8,9%. São, aproximadamente, US$ 170 milhões a menos. Enquanto isto, os índices cresceram em relação aos países da América Latina. Para Argentina e México, que são as principais economias da região ao lado do Brasil, o faturamento subiu, respectivamente, 40% e 30%.


Apesar do crescimento das exportações à América Latina, Luiz Albert Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), seguirá reclamando da valorização do real frente ao dólar. Ele diz que esta circunstância cambial leva cerca de 2 meses para refletir no aumento das importações, mas 2 anos para que se possa fazer uma análise confiável dos efeitos negativos sobre as exportações. As reduções nas vendas externas só aparecem quando os contratos deixam de ser prorrogados. “Só no final de 2008 teremos uma perspectiva do quanto perdemos em mercado desde que a nossa moeda entrou neste processo de apreciação excessiva. Com relação ao mercado dos EUA, já notamos uma perda no volume de vendas considerável que só não está levando setores das indústrias à falência porque o mercado interno está aquecido e houve desvio de oferta à América Latina”, destaca, explicando porque não pode deixar de reclamar do problema cambial.


O presidente da Abimaq não é uma voz isolada. Fernando Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), alega que a valorização do real frente ao dólar preocupa bastante porque está impondo um “ônus tremendo” ao setor têxtil que está perdendo mercado externo que, no futuro, será difícil para recuperar. “Enquanto os concorrentes asiáticos adotam uma política cambial controlada que reduz consideravelmente o impacto da desvalorização mundial do dólar, o Brasil não adota nenhuma medida que, de fato, esteja compensando este problema”, lembra. Para ele, nenhum acordo internacional preferencial foi assinado, nem tampouco reduções tributárias e medidas compensatórias consistentes foram implementadas. Assim como Albert Neto, Pimentel fez referência ao aquecimento do mercado interno, dizendo que “isto tem evitado que os efeitos perversos do câmbio fossem ainda maiores”. Ele ressalta ainda que o setor têxtil, nos últimos tempos, investiu bastante para tentar manter sua competitividade, mas finalizou dizendo que “a perda potencial do mercado pelo exportador deste segmento, todavia, não pode e nem poderá ser mensurada. Talvez nunca recuperada”.


A desvalorização do dólar frente ao real é um problema aos exportadores que pode se agravar. Ainda no início desta semana, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, declarou que o dólar deverá manter a tendência de queda em relação ao euro e outras moedas internacionais.


Cada vez mais pressionada pelos exportadores prejudicados pelo câmbio, a Apex-Brasil terá em 2008 um orçamento aproximadamente 40% superior ao de 2007, passando para R$ 409 milhões


 

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