Dois gerentes do Banco do Brasil (BB) e um engenheiro ambiental foram presos pela Polícia Federal (PF) de Ribeirão Preto (SP), na manhã desta terça-feira (1º), suspeitos de participarem de um esquema de fraudes milionárias em contratos agrícolas.
Segundo a Polícia Federal, os documentos fraudados já analisados somam R$ 4,5 milhões, embora já haja elementos para concluir que o montante total movimentado pela organização criminosa supere R$ 35 milhões.
Outros dois homens, suspeitos de fazer o aliciamento de laranjas no esquema, também foram presos durante a operação, batizada de “Golden Boy”. Um deles foi detido em flagrante, por posse de moeda falsa. Foi decretada a prisão temporária dos cinco suspeitos por lavagem de dinheiro, estelionato e crime contra o sistema financeiro.
Procurado pelo G1, o Banco do Brasil informou que afastou os funcionários envolvidos logo que constatou indícios de irregularidades. A instituição financeira afirmou também que tem colaborado com as autoridades competentes para apuração do caso.
Operação
Segundo as investigações da PF, iniciadas em abril deste ano, o esquema estava centralizado em uma agência do Banco do Brasil em Guará (SP) e envolvia contratos de financiamentos agrícolas para produtores rurais falsos da cidade e de Franca (SP).
A polícia apura ainda se o esquema seria realizado em outras cidades do interior de São Paulo. “Nós temos indícios de que essa organização já cometia esse crime em uma outra agência de Morro Agudo”, afirmou o delegado Flávio Vieitz Reis.
De acordo com o delegado, o líder do grupo era o gerente geral da agência do Banco do Brasil emGuará. O homem, que foi preso nesta terça, pediu demissão do banco quando percebeu que seria alvo de uma auditoria interna do BB.
Ele era responsável por aprovar os contratos de financiamentos agrícolas, que eram abertos em nome de laranjas. “As pessoas existiam, eles procuravam essas pessoas que a gente chama de laranjas, e abriam contas em nome dessas pessoas e com cadastros aprovados pelo gerente geral”, explicou Reis.
Laudos falsos
As informações inseridas nos cadastros e os documentos para a abertura eram falsos, segundo a PF, e o dinheiro liberado pelo banco ficava pouco tempo nas contas. “Os valores eram todos retirados das contas, eram zeradas ou deixadas com saldo devedor, e quem ficava no prejuízo eram os laranjas”, disse o delegado.
A Polícia Federal ainda apura qual seriam os benefícios prometidos aos laranjas que participavam do esquema.
Além das análises bancárias, os contratos agrícolas eram aprovados também com base em laudos técnicos falsos, assinados por um engenheiro ambiental, também preso pela PF nesta terça.
“O engenheiro elaborava os projetos técnicos falsos, permitindo que pessoas que nunca eram produtoras rurais, inclusive beneficiárias do Bolsa Família, constassem como produtores de extremo sucesso”, informou o delegado.
‘Golden boy’
O nome da operação, “Golden Boy” (menino de ouro, em português) foi dado porque o gerente geral, responsável pela carteira rural do banco na região era considerado um prodígio pela direção do banco.
“A gente estranhou a superintendência não ter descoberto, notado o aumento expressivo na carteira rural e perguntado, diseram: ‘olha, esse rapaz era o menino de ouro da regional'”, disse o delegado.