01/03/2012
Por Gerson Freitas Jr. | De São Paulo | Valor Econômico
Os fundos que investem em contratos futuros de commodities tiveram um comportamento “seletivo” em relação aos mercados agrícolas em fevereiro.
Os números mais recentes da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla inglês), referentes ao balanço da atividade especulativa até o último dia 21, mostra que os investidores ampliaram as apostas na alta dos preços da soja e do açúcar, mas adotaram uma postura cautelosa em relação às cotações de milho, trigo e café.
Desde o fim de janeiro, os grandes especuladores aumentaram em 147% sua posição líquida de compra em futuros de soja, de 35,5 mil para 88 mil contratos. No açúcar, essa posição cresceu pouco mais de 3%, para 96 mil contratos, embora este número seja quase 70% superior ao do início do ano.
A posição líquida é o saldo entre os contratos de compra, com os quais o especulador aposta em uma alta nos preços, e os contratos de venda, por meio dos quais tenta antecipar-se a uma queda.
No mercado de milho, esse saldo era positivo em 190 mil contratos no dia 21, mas o resultado é 2% inferior ao observado no fim de janeiro. Já nos casos do trigo e do café, a queda de braço entre “altistas” e “baixistas” era vencida pelo segundo grupo.
Os mercados agrícolas despertam dúvidas entre os gestores de fundos que aplicam em commodities. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Barclays junto a esse público, apenas 10% dizem esperar que os mercados de grãos tenham o melhor desempenho entre todas as commodities em 2012. Para um grupo maior, 14%, os grãos deverão amargar o pior desempenho.
Mas o sentimento do investidor pode mudar com o decorrer da safra de verão nos Estados Unidos, que começa a ser plantada nos próximos meses. Os baixos níveis dos estoques globais de soja e milho deixam pouca margem para uma quebra significativa da produção americana, o que deverá tornar o mercado extremamente sensível às especulações sobre o clima e a produtividade das plantações.