Especialista em irrigação defende redução ainda maior nas taxas de juros do agronegócio

Para Elídio Torezani, da Hydra Irrigações, percentuais anunciados no Plano Safra são tímidos e o acesso ao crédito ainda pesa no bolso do produtor rural

18/6/2020 – O Plano Safra 2020/2021 do governo federal lançado na última quarta-feira (17) vai destinar R$ 236,3 bilhões para a produção agrícola brasileira, montante 6,1% maior em relação ao ano passado, visando garantir o abastecimento de alimentos durante e depois da pandemia de Covid-19. Embora entre as novidades apresentadas esteja a redução dos juros para os produtores rurais, o acesso ao crédito ainda pesa no bolso.

Na avaliação do engenheiro agrônomo Elídio Torezani, diretor da Hydra Irrigações, um dos profissionais mais renomados do país em irrigação por gotejamento, os juros para financiamento do agronegócio poderiam ser mais atraentes para o segmento.

“É consenso entre todos os produtores que lidam com agronegócio que apesar destes juros estarem caindo numa sequência muito grande, eles não acompanham, infelizmente, a realidade do mercado financeiro de juros. Na quarta-feira (17), por exemplo, a taxa Selic passou para 2,25% ao ano, enquanto que para o setor agrícola se fala em 6% de juros ao ano para empréstimos agora. Esse juro ainda é muito alto, comparado com a taxa real do mercado”, afirma Torezani.

Medidas tímidas

Pelo Plano Safra, os pequenos produtores rurais contarão com um montante de R$ 33 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 2,75% e 4% ao ano, para gastos com custeio e comercialização.

Outros R$ 33,2 bilhões serão destinados aos médios produtores rurais, através do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), com taxas de 5% ao ano (custeio e comercialização). Já para os grandes produtores, a taxa de juros será de 6% ao ano.

“Essas medidas ainda são muito tímidas. Na grande maioria dos países, o recurso financeiro destinado para a agricultura é subsidiado, ou seja, o governo banca parte dos custos para esses empréstimos. A gente torce para que essa sequência de queda de juros seja acelerada e que ela chegue num patamar que seja efetivamente atraente para o investidor do agronegócio”, destaca o especialista em irrigação.

Volume de recursos

Durante o anúncio do Plano Safra, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou que R$ 179,38 bilhões serão utilizados com custeio e comercialização, e outros R$ 56,92 bilhões para investimentos em infraestrutura, em que programas como o de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra) e o Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro) ganharam prioridade na divisão dos recursos.

Outro ponto destacado pela ministra é que a subvenção do governo para o seguro rural deve ser 30% maior, passando de R$ 1 bilhão na safra 2019/20 para R$ 1,3 bilhão no próximo ciclo.

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