Com as evidências do mercado do café, exigindo elevação do nível de competitividade, considera-se prioridade a busca pela melhoria dos índices de qualidade do produto, principalmente nas pequenas propriedades, as quais detém maior participação na produção.
A estratégia para melhoria da qualidade do café deve ser incrementado por procedimentos práticos, que compõe o sistema de implantação e manejo da cultura, considerando fatores importantes como as condições edafo-climáticas, sistema de plantio, características da variedade, estado fisiológico da planta, tratos culturais, controle fitossanitário, procedimentos de colheita e processos de preparo, secagem e armazenamento.
A época da colheita é decisiva para obtenção de um café de qualidade, pois os procedimentos adotados nesta etapa do ciclo produtivo, podem interferir nos parâmetros qualitativos dos grãos e na sua faixa de classificação.
A colheita antecipada apesar de não ser recomendável, é realizada por muitos produtores e meeiros por estarem quase sempre descapitalizados, fazendo com pressa a venda do produto até mesmo antes da colheita para cobrir despesas e compromissos. Esta colheita forçada e precoce, acontece antes dos frutos completarem seu ciclo de maturação, contribuindo para apresentar defeitos, que baixam o padrão e desqualificam o produto.
Procedimentos errôneos devem ser evitados, como misturar frutos colhidos em diferentes fases de maturação, deixar o café colhido amontoado na lavoura fermentando, não recolher os frutos que ficaram na planta e no chão, secar o café em terreiro de chão batido deixando-o amontoado sem proceder revirações e armazenar a produção em depósitos inadequados.
Dentre os fatores a serem superados para realização de uma boa colheita do café, destaca-se a influência negativa da desuniformidade de maturação dos frutos, decorrentes de diversas floradas em diferentes períodos do ano. Condições adversas de clima como precipitações, temperatura e umidade durante as fases de floração, frutificação e amadurecimento num determinado ano, podem incrementar maturações desuniformes, com muitos frutos verdes na colheita e fermentações indesejáveis nos frutos maduros, contribuindo para a perda da qualidade até mesmo antes da colheita.
A preocupação com a colheita antecipada é a presença de frutos verdes, que causam prejuízos na classificação por tipo, no peso de grão, no rendimento de colheita, no desgaste da planta, na qualidade da bebida e no valor do produto, sendo recomendado iniciar a colheita, com os frutos verdes de no máximo 5% e tolerância de até 20%.
Outro detalhe muito importante, é que os frutos verdes não possuem mucilagem, a qual é formada somente nos grãos em estádio de cereja. Com isto, os frutos verdes ao serem despolpados, suas sementes ficam sem a proteção e lubrificação fornecida por esta mucilagem, podendo ocorrer esmagamento ou corte prejudicando sua qualidade.
Por outro lado, ao se colher frutos tardiamente, haverá maior quantidade de grãos passas e secos, proporcionando um produto de baixa qualidade pelo aumento do número de defeitos e bebida inferior. O fruto cereja é considerado ideal a ser colhido, pois o mesmo tem completado seu estádio de maturação fisiológica, estando no seu ponto ótimo e potencial máximo de qualidade.
Deve-se também levar em consideração que quanto mais tempo o café permanecer na planta ou no chão, maior será a incidência de grãos ardidos e grãos pretos, considerados os piores defeitos. Para dar início a colheita, devem ser observados os fatores da quantidade de café existente na planta e caído no chão, bem como o tempo de duração da safra.
Embora mais trabalhosa e onerosa, a realização de uma colheita seletiva seria o ideal, iniciando quando as plantas tiverem pelo menos 50% de frutos maduros, se constituindo num método de colheita que contribui em muito para melhorar o padrão de qualidade do café e consequentemente proporcionar um diferencial na valorização do produto.