Embarques de café seguem lentos e vão recuar este ano

16 de outubro de 2012 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

AGRONEGÓCIOS
15/10/2012 
  

 
Por Carine Ferreira | De São Paulo | Valor Economico

Lentos nos últimos meses em virtude de adversidades climáticas em regiões produtoras e da “queda de braço” entre importadores com os cintos apertados e exportadores capitalizados e sem pressa para vender, os embarques brasileiros de café caminham para fechar 2012 com uma queda de até 15% em volume.


Especialistas lembram que é de se esperar que os importadores do Hemisfério Norte acelerem um pouco as compras nos próximos meses, já que a demanda aumenta na medida em que as temperaturas caem, mas que esse maior apetite será suficiente apenas para reduzir as variações negativas em relação ao ano passado.


Um aumento sazonal mais substancial da demanda externa encontra resistência no cambaleante cenário econômico-financeiro mundial, atenta Gil Barabach, analista da Safras & Mercado. Com a crise, afirma, muitos compradores estão adquirindo café “da mão para a boca”, conforme suas necessidades mais urgentes. Além disso, enfrentam mais dificuldades para obter crédito, o que acaba por segurar as encomendas.


Em meio às turbulências, o volume exportado pelo país somou 19,6 milhões de sacas de 60 quilos de janeiro a setembro, 19,3% menos que em igual intervalo de 2011. Com a queda das cotações internacionais entre os dois períodos, a receita das vendas caiu ainda mais: 26,1%, para US$ 4,5 bilhões, conforme o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Para a entidade, o volume anual deverá ser de 10% a 15% inferior ao de 2011 (33,5 milhões).


A retração chama mais a atenção pelo fato de a safra que começou a ser colhida no fim do primeiro semestre (2012/13) ser o polo positivo da bienalidade que marca a cultura e sempre gera um ciclo mais “gordo” seguido de outro mais “magro”.


Segundo Michael Timm, diretor-geral da Stockler Comercial e Exportadora, a empresa continua sem fechar contratos de longo prazo e deverá exportar 7,1 milhões de sacas em 2012, 11,25% menos que no ano passado. “Espero que os negócios se recuperem nos próximos meses”.


Timm ressalta que os torrefadores de países importadores continuam a elevar a compra de café robusta, mais barato que o arábica. Ele acredita que as cerca de 5 milhões de sacas que o Brasil exportará a menos este ano poderão ser “abocanhadas” pelo Vietnã, tradicional fornecedor de robusta.


“Talvez haja essa substituição, mas até quando?”, pergunta Barabach. E ele chama a atenção para outro fator importante: como os produtores brasileiros estão retraídos, à espera de melhores preços, o café arábica do país está até mais caro que o de fornecedores concorrentes.


Em relação às cotações praticadas na bolsa de Nova York, o arábica do Brasil está com um desconto de cerca de 10 centavos de dólar por libra-peso. Sem problemas climáticos ou “quedas de braço” entre importadores e exportadores, seria normal que esse desconto fosse maior nesta época de safra colhida. Não bastassem esses fatores, os preços mais elevados no mercado doméstico do que no externo turvam um pouco mais a equação que resulta em queda das exportações, como nota Haroldo Bonfá, diretor da Pharos Consultoria e Gerenciamento de Risco.


Tudo isso levando-se em consideração que os produtores estão, em geral, mais capitalizados após boas temporadas, a ponto de limitarem suas tradicionais vendas antecipadas à espera de melhores cotações. “O produtor pode escolher o momento de vender conforme o preço”, afirma Guilherme Braga, diretor-geral do Cecafé.


Segundo a Safras & Mercado, 43% do café desta safra 2012/13 foi vendido até o fim de setembro, ante 56% de igual intervalo de 2011.


Braga observa, ainda, que o ritmo das vendas da safra já colhida também depende da expectativa da futura produção. Neste momento, as atenções estão voltadas para a florada, cujos primeiros indícios apontam uniformidade, o que é um bom sinal para o ciclo 2013/14, mesmo sendo ele um “polo negativo” da bienalidade.
 

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Por Carine Ferreira | De São Paulo | Valor Economico

Lentos nos últimos meses em virtude de adversidades climáticas em regiões produtoras e da “queda de braço” entre importadores com os cintos apertados e exportadores capitalizados e sem pressa para vender, os embarques brasileiros de café caminham para fechar 2012 com uma queda de até 15% em volume.


Especialistas lembram que é de se esperar que os importadores do Hemisfério Norte acelerem um pouco as compras nos próximos meses, já que a demanda aumenta na medida em que as temperaturas caem, mas que esse maior apetite será suficiente apenas para reduzir as variações negativas em relação ao ano passado.


Um aumento sazonal mais substancial da demanda externa encontra resistência no cambaleante cenário econômico-financeiro mundial, atenta Gil Barabach, analista da Safras & Mercado. Com a crise, afirma, muitos compradores estão adquirindo café “da mão para a boca”, conforme suas necessidades mais urgentes. Além disso, enfrentam mais dificuldades para obter crédito, o que acaba por segurar as encomendas.


Em meio às turbulências, o volume exportado pelo país somou 19,6 milhões de sacas de 60 quilos de janeiro a setembro, 19,3% menos que em igual intervalo de 2011. Com a queda das cotações internacionais entre os dois períodos, a receita das vendas caiu ainda mais: 26,1%, para US$ 4,5 bilhões, conforme o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Para a entidade, o volume anual deverá ser de 10% a 15% inferior ao de 2011 (33,5 milhões).


A retração chama mais a atenção pelo fato de a safra que começou a ser colhida no fim do primeiro semestre (2012/13) ser o polo positivo da bienalidade que marca a cultura e sempre gera um ciclo mais “gordo” seguido de outro mais “magro”.


Segundo Michael Timm, diretor-geral da Stockler Comercial e Exportadora, a empresa continua sem fechar contratos de longo prazo e deverá exportar 7,1 milhões de sacas em 2012, 11,25% menos que no ano passado. “Espero que os negócios se recuperem nos próximos meses”.


Timm ressalta que os torrefadores de países importadores continuam a elevar a compra de café robusta, mais barato que o arábica. Ele acredita que as cerca de 5 milhões de sacas que o Brasil exportará a menos este ano poderão ser “abocanhadas” pelo Vietnã, tradicional fornecedor de robusta.


“Talvez haja essa substituição, mas até quando?”, pergunta Barabach. E ele chama a atenção para outro fator importante: como os produtores brasileiros estão retraídos, à espera de melhores preços, o café arábica do país está até mais caro que o de fornecedores concorrentes.


Em relação às cotações praticadas na bolsa de Nova York, o arábica do Brasil está com um desconto de cerca de 10 centavos de dólar por libra-peso. Sem problemas climáticos ou “quedas de braço” entre importadores e exportadores, seria normal que esse desconto fosse maior nesta época de safra colhida. Não bastassem esses fatores, os preços mais elevados no mercado doméstico do que no externo turvam um pouco mais a equação que resulta em queda das exportações, como nota Haroldo Bonfá, diretor da Pharos Consultoria e Gerenciamento de Risco.


Tudo isso levando-se em consideração que os produtores estão, em geral, mais capitalizados após boas temporadas, a ponto de limitarem suas tradicionais vendas antecipadas à espera de melhores cotações. “O produtor pode escolher o momento de vender conforme o preço”, afirma Guilherme Braga, diretor-geral do Cecafé.


Segundo a Safras & Mercado, 43% do café desta safra 2012/13 foi vendido até o fim de setembro, ante 56% de igual intervalo de 2011.


Braga observa, ainda, que o ritmo das vendas da safra já colhida também depende da expectativa da futura produção. Neste momento, as atenções estão voltadas para a florada, cujos primeiros indícios apontam uniformidade, o que é um bom sinal para o ciclo 2013/14, mesmo sendo ele um “polo negativo” da bienalidade.
 

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