A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) já concluiu os relatórios para a certificação de cerca de 50 propriedades incluídas no Programa de Certificação de Propriedades Cafeeiras – Certifica Minas café. No 1º semestre, a Emater-MG contratou 20 extensionistas exclusivamente para acompanhar a adequação das propriedades para o processo de certificação, como informa o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Julian Silva Carvalho. Neste 2º semestre, serão concluídas 20 novas contratações, para reforçar as equipes do Programa Certifica Minas café.
Os trabalhos seguem em ritmo acelerado, pois, até 31 de agosto, 380 fazendas produtoras de café em Minas estarão em condições de se submeter à inspeção do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Depois dessa vistoria, será feita outra avaliação, desta vez pela certificadora internacional IMO Control, que vai emitir a certificação.
O Certifica Minas café é coordenado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e tem como objetivo melhorar a qualidade do café produzido em Minas. Para obter a certificação, os produtores têm que seguir normas definidas, relativas à sustentabilidade econômica da atividade, aspectos ambientais, legislação trabalhista e rastreabilidade do produto. O programa começou a ser implantado em 2006 e a meta é conseguir certificar 1.500 propriedades até 2011, sendo 380 ainda em 2008.
A Emater-MG presta assistência técnica e orienta os cafeicultores em todas as etapas necessárias para a adequação das propriedades ao programa de certificação. Os extensionistas fazem o diagnóstico das propriedades inscritas e orientam a aplicação do código de conduta. Este código, elaborado em conjunto por especialistas da Emater-MG, Epamig e IMA, órgãos vinculados à secretaria, segue os preceitos das principais entidades certificadoras internacionais, adaptado à realidade dos produtores de Minas.
Para os cafeicultores, o programa é uma oportunidade de se adequarem às exigências do mercado externo, como a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e mecanismos de rastreabilidade do produto. E os agricultores familiares também estão incluídos no programa, e assim poderão gerir suas propriedades com técnicas mais eficientes, com toda a orientação dos especialistas da Emater-MG. “Não é possível ainda garantir que o produto certificado atinja um preço mais alto de venda, mas o produtor ganha de qualquer forma. Além de ter aceitação mais fácil no mercado, ainda garante a modernização da gestão e pode, assim, identificar e corrigir gargalos na produção, o que em geral significa redução de custos”, explica Julian Carvalho, coordenador técnico estadual de café da Emater-MG.
A auditoria internacional a uma propriedade cadastrada no programa estadual de certificação custa, em média, o equivalente a uma saca de café verde por ano, ou cerca de 150 dólares. O custo é bem maior caso o processo seja feito de forma isolada pelo produtor, segundo Carvalho, “Apenas a certificação inicial pode chegar a R$ 30 mil, dependendo da empresa contratada e do tamanho da propriedade”, afirma.
No Caderno de Anotações, os produtores devem registrar todas as atividades ligadas à produção, desde os insumos usados, o processo de colheita e pós-colheita e investimentos feitos (terreiros para secagem, aquisição de equipamentos etc). Julian Carvalho explica que os requisitos para a certificação abrangem vários aspectos, como trabalhista, de uso correto e controlado de agrotóxicos e de rastreabilidade do produto, o que significa identificação registrada de todo o café produzido.
A certificação atesta que o café não oferece perigo à saúde do consumidor, pois está livre de contaminação física, química e biológica. Além disso, garante a origem do produto. E o meio ambiente é outro beneficiado, pois são levados em conta o uso adequado do solo e da água, a reutilização dos resíduos e a destinação de 20% da propriedade à preservação ambiental (ou seja, o respeito à Reserva Legal).
Já foram cadastradas 1.337 propriedades das quatro regiões produtoras do Estado: Sul, Matas de Minas, Chapadas de Minas e Cerrado. Outros produtores interessados em aderir ao programa podem procurar o escritório da Emater-MG mais próximo.
Circuito Mineiro de Cafeicultura
O programa estadual de certificação das propriedades produtoras de café é um dos destaques do Circuito Mineiro de Cafeicultura 2008. “Os produtores têm encontrado dificuldades para vender o café no mercado externo a preços melhores, o que aumenta a importância de buscar a certificação”, afirmou o gerente da Emater-MG em Lavras, Marco Antônio Canestri, coordenador dos eventos.
Até o final do ano, O Circuito Mineiro de Cafeicultura terá 37 etapas em todo o Estado, sendo 25 no Sul de Minas, com média de 200 participantes por evento. Em cada etapa, produtores de diferentes municípios têm oportunidade de participar de palestras ministradas por especialistas nos diversos segmentos da atividade. O objetivo é levar ao cafeicultor novas tecnologias e proporcionar a troca de experiências para melhorar os resultados da cultura e oferecer um produto de melhor qualidade.
Em 2008, Minas Gerais deverá produzir cerca de 22,9 milhões de sacas de 60 quilos de café, o que significa mais 47,9% do que em 2007. A informação é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o último relatório de estimativa de safra, o acréscimo deve-se principalmente à característica bienal da cultura (que alterna um ano de baixa produção e um de alta). O resultado poderia ser ainda melhor, não fossem os impactos provocados pela forte estiagem registrada em 2007, em que houve escassez de chuvas de março a outubro e, a partir daí, apenas chuvas esparsas e mal distribuídas. Em relação a 2006, outro ano de safra elevada, o aumento da produção em Minas deverá chegar a 4,14%.
Governo do Estado de Minas Gerais