27/10/2014 – O consumo anual de café no Brasil é um dos que mais crescem mundialmente, especialmente nas últimas duas décadas, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), parceria do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Em 1990, o consumo interno brasileiro era de 8,2 milhões de sacas e, em 2013, atingiu 20,1 milhões de sacas de 60 quilos. Esses números tornam o País o segundo maior consumidor mundial, devendo chegar à primeira posição nos próximos anos, ao superar os EUA.
A partir de 1997, instituições de pesquisa, ensino e extensão criaram o Consórcio Pesquisa Café e geraram tecnologias inovadoras que também contribuíram, direta e indiretamente, com o esforço da Abic, nos últimos 25 anos, para elevar o consumo no País, além de outros benefícios gerados para os Cafés do Brasil. A conjugação de esforços da pesquisa com a produção (mais de 285 mil cafeicultores), em sintonia com a indústria torrefadora, permitiu desenvolver cultivares de café cada vez mais produtivas e melhores, o que tem permitido sucessivos recordes da cafeicultura brasileira de aumento de produção, exportação e consumo interno.
Segundo o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, o pilar central do fornecimento de matéria-prima de qualidade para as indústrias de torrefação e moagem são os produtores rurais que adotam as tecnologias geradas pela pesquisa. “Os trabalhos de pesquisa são fundamentais para a diversificação, melhoria da qualidade e aumento da produtividade das lavouras. Assim, é imprescindível uma parceria entre pesquisa agronômica, produtores e indústria para a melhoria da qualidade e agregação de valor ao produto, em sintonia com as demandas de mercado”, explica Bartholo.
Tudo que é Puro é Melhor. Inclusive seu Café – Para os próximos anos, visando incrementar ainda mais o consumo de café, de forma que o País também se torne o maior consumidor mundial, a Abic lançou campanha de marketing “Tudo que é Puro é Melhor. Inclusive seu Café”. A campanha associa o conceito de pureza, qualidade, aroma e sabor do café, a emoções puras, como carinho, amizade, amor e alegria, presentes na memória afetiva das pessoas. Veiculada nacionalmente em diversas mídias, visa à valorização dos programas de certificação da entidade, com destaque para o Selo de Pureza, lançado há 25 anos e até hoje ativo e consistente.
Segundo o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, a melhoria da qualidade e a ampliação da oferta de produtos inovadores e diferenciados contribuíram para esse incremento na produção e consumo. Para ele, tais avanços têm influenciado o perfil do consumidor no País. “Sem dúvida alguma, a contribuição da pesquisa tem sido a de melhorar as cultivares de café e incrementar a sustentabilidade e a produtividade. Isso amplia a oferta de grãos melhores, o que permite à indústria aprimorar a qualidade tanto dos cafés tradicionais quanto dos conceituados cafés superiores e gourmets”.
Selo de Pureza ABIC (SPA) – Lançado em agosto de 1989, o Selo de Pureza ABIC foi a primeira certificação da área de alimentos e bebidas. Sua criação foi uma resposta da entidade aos consumidores que, em meados da década de 1980, vinham abandonando o hábito de tomar café por acreditar que o produto puro era exportado e que o brasileiro só consumia cafés de baixa qualidade, impuros ou com misturas – conforme constatado em pesquisa de opinião. O objetivo, desde o início, é o monitoramento contínuo das marcas para inibir a ação de empresas que adulteram seus produtos. O Programa continua sendo fundamental para o combate à fraude e à comercialização de cafés de baixa qualidade e com alto percentual de impurezas. Até outubro de 2014, o Selo de Pureza da Abic monitorou 454 empresas e 1152 marcas.
Programa de Qualidade do Café (PQC) – Em 2014, segundo a Abic, 102 empresas fazem parte do Programa de Qualidade do Café. Até outubro deste ano, 545 marcas de café foram certificadas. Dessas, 148 são produtos classificados como gourmet, 127 de qualidade superior e 270, tradicional. Em 2000, as marcas eram voltadas apenas para café tradicional, sem essa diferenciação de qualidade.
Outros programas da Abic – Lançado em 2006 e colocado em prática em 2007, o Programa Cafés Sustentáveis (PCS) certifica o café desde a produção, beneficiamento, até a industrialização. Em outubro de 2014, são 12 empresas participantes e 48 marcas certificadas. A base do programa está na parceria com produtores de cafés certificados. Foi criado um regulamento único de certificação que observa todos os requisitos de sustentabilidade e garantia de origem dos grãos nas fazendas e no processo industrial, incluindo atenção às boas práticas de fabricação e avaliação da qualidade global do produto. A pretensão é ampliar as parcerias com a indústria, entidades certificadoras nacionais e internacionais, cafeicultores e suas cooperativas para dar maior abrangência ao programa.
Há ainda o Círculo do Café de Qualidade (CQC), novo projeto para diferenciar os melhores estabelecimentos e promover o café de alta qualidade. Até outubro deste ano, 45 empresas aderiram ao projeto, que reúne, sob os mesmos propósitos, cafeterias, casas de café, restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos. O objetivo é atender à demanda crescente de cafés de qualidade pelos consumidores, educar para o consumo de cafés de melhor qualidade, consolidar o segmento de cafés gourmet e especiais e agregar valor em toda cadeia produtiva.
A Abic, o Consórcio Pesquisa Café e a Embrapa Café – A Abic é uma entidade sem fins lucrativos parceira do Consórcio Pesquisa Café e também uma das integrantes, como representante da iniciativa privada, do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. As ações do Consórcio estão estruturadas em focos temáticos estabelecidos por interlocutores do setor produtivo do café representados no CDPC.
CDPC – É composto por representantes da iniciativa privada e do governo. Pela iniciativa privada: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA; Conselho Nacional do Café – CNC; Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC; Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel – ABICS; e Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – CECAFÉ; pelo governo, Mapa, Ministério da Fazenda – MF, Ministério das Relações Exteriores – MRE, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG.