De acordo com o conferencista, que falou sobre “A repercussão das mudanças climáticas na agricultura”, o efeito estufa é um processo físico pelo qual a presença de gases, vapor de água, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e ozônio na atmosfera faz com que a Terra mantenha temperatura maior do que teria, se acaso esses gases não estivessem presentes.
“O impacto do aquecimento global já pode ser sentido e exige a adoção imediata de medidas que amenizem seus efeitos na vida das pessoas e na produção rural,” enfatizou o professor, que fez sua apresentação ao lado do secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana, e do secretário adjunto Paulo Romano. Participaram também da palestra superintendentes, técnicos e assessores da Secretaria e de suas instituições vinculadas, pesquisadores de diversos órgãos públicos e privados, universidades e organizações não-governamentais, entre outras.
Segundo o secretário Gilman Viana, a agricultura deve procurar alternativas de aumentar a produtividade, sem causar impactos negativos ao meio ambiente. “Atualmente, a população mundial é de cerca de 6,5 bilhões de pessoas. As previsões indicam que em 2030 teremos oito bilhões de pessoas no mundo. Será preciso ter alimento para tanta gente. Hoje já existe o fenômeno da desertificação da natureza. Se a agricultura não se desenvolver, teremos bilhões de pessoas famintas”.
Responsabilidade de todos
Luiz Cláudio Costa explicou que todas as atividades humanas influem nos gases do efeito estufa. “A concentração desses gases tem se elevado muito, e no setor agrícola predomina a emissão do metano e do óxido nitroso, que apresentam alto potencial de aquecimento.” O que mais preocupa é o dióxido de carbono, acrescentou o professor, lembrando que as emissões desses gases e de outros, até o final do século, provocarão aumento da temperatura de até 5,8 graus centígrados, segundo projeções de instituições internacionais.
O professor acrescentou que “as mudanças climáticas têm efeito alto e diversificado sobre a agricultura, e a busca de solução para os novos problemas exige antes de tudo muita humildade e a união de todas as forças da sociedade: instituições governamentais e da iniciativa privada, órgãos de pesquisa e entidades que congregam profissionais das mais variadas formações, por exemplo”.
“Ninguém pode ignorar as conseqüências do efeito estufa, porque todas as atividades humanas são afetadas pelo fenômeno”, assinalou Luiz Cláudio Costa. “A elevação da temperatura provocará fenômenos como a má distribuição da água, tempestades devastadoras e longas secas, situações extremas que ocorrerão com muita freqüência.” Atualmente, segundo o conferencista, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) trabalha em parceria com instituições da Itália e dos Estados Unidos com o objetivo de encontrar uma projeção (modelo) sobre a precipitação pluviométrica em Minas Gerais.
Luiz Cláudio disse que um elevado aumento da temperatura, em termos globais, provocará com freqüência situações até poucos anos atrás consideradas impossíveis no Brasil, como o Furacão Catarina, que aconteceu em 2004. “Trata-se de uma situação nova, que se explica pelo fato de os últimos onze anos estarem entre os 12 mais quentes desde o início do século passado”, observou.
Segundo o pesquisador, é de fundamental importância entender a atmosfera com todos os seus fenômenos e a sua interação com a Terra e os oceanos. Ele disse que a tecnologia disponível no Brasil possibilita esse conhecimento e também a previsão dos impactos do efeito estufa, considerados indispensáveis para a projeção de situações na agricultura. Luiz Cláudio enfatizou que é necessário adotar imediatamente medidas de controle da atividade rural, observando entre outras áreas a de produção de arroz e a criação de animais. “Todas devem buscar a condição de geradoras de energia limpa”, recomendou. “Há processos bem conhecidos e de baixo custo que possibilitam reverter a situação, com a armazenagem do carbono no solo, o que representará importante geração de renda”.
Outro exemplo citado pelo conferencista foi da cana-de-açúcar, cuja colheita pelo sistema de queima deve ser substituída, aumentando também a absorção de carbono no solo. Segundo o pesquisador, a adoção de práticas de manejo mais eficazes da agricultura provocará grande demanda de projetos aos órgãos de extensão e pesquisa. O secretário Gilman Viana lembrou que o plantio direto, uma das técnicas recomendadas pelo pesquisador da UFV, já ocupa vinte milhões de hectares no Brasil.
Situações extremas
Para o conferencista, as situações climáticas extremas deverão provocar redução nos ciclos de cultura, geralmente com prejuízo da produtividade. As projeções existentes mostram também que certas culturas terão rendimento excepcional em regiões específicas, como no caso do feijão, que por volta de 2080 terá redução de 11% nas lavouras do Triângulo Mineiro e elevação de mais de 40% na Zona da Mata. Mas em qualquer situação, culturas como a do café sempre terão forte queda de produtividade porque são típicas de clima mais ameno.
Luiz Cláudio disse que deve ser criada a consciência de que os problemas gerados pelo efeito estufa devem ser enfrentados por toda a sociedade acima dos interesses da exploração comercial que possam ser estimulados por eventuais possibilidades de obter vantagens. Acrescentou que Minas Gerais oferece boas condições para se fazer a projeção de problemas regionalizados do efeito estufa porque o Estado apresenta uma diversidade de situações correspondente às regiões do Brasil.
Informações adicionais: Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – (31) 3284-6514 ou www.agricultura.mg.gov.br