03/11/2010 – 10h52
SÃO PAULO – O dólar registra acentuada queda desde a abertura do pregão, com os agentes do mercado aguardando o anúncio da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), na parte da tarde. A expectativa é que a autoridade monetária comunique a compra de mais títulos do Tesouro.
Por volta das 10h50, o dólar comercial registrava declínio de 0,92%, cotado a R$ 1,690 na compra e a R$ 1,692 na venda. No mercado futuro, o contrato de dezembro negociado na BM&F recuava 0,81%, a R$ 1,700.
A dúvida diz respeito ao montante que será injetado na economia. Muitos analistas acreditam que a aquisição totalizará US$ 500 bilhões, mas alguns bancos seguem apostando em um montante superior, de US$ 1 trilhão, explica o diretor da Global Hedging, Wolfgang Walter.
Por conta desse evento, o dólar está se desvalorizando ante outras moedas também. O euro, por exemplo, tinha, há pouco, alta de 0,85% ante a divisa americana, cotado a US$ 1,4047.
Na opinião de Walter, o Fed vai promover uma grande injeção de liquidez na economia, apesar de dados mais recentes da economia americana terem surpreendido positivamente o mercado. A medida, em sua opinião, vai atacar um dos problemas mais graves enfrentados pelo governo americano: o mercado habitacional.
\”Como os americanos veem em suas casas uma reserva de valor e esse valor caiu muito em meio à crise, uma das soluções seria criar inflação, para que detentores de hipotecas nos Estados Unidos acreditem que o preço de suas casas vai subir e voltem a consumir\”, explica.
O problema, em sua opinião, é que a medida não vai enfraquecer apenas o dólar, mas também o yuan, já que a moeda chinesa é atrelada à americana. \”A China vai pegar carona nessa injeção de liquidez e se tornar ainda mais competitiva\”, diz o especialista. Assim, o Brasil e os demais países sofrerão dois baques: primeiro, com a queda do dólar e depois com a desvalorização do yuan.
Neste contexto, crescem as apostas no mercado de que o governo brasileiro vai anunciar alguma medida mais rígida para conter a valorização do real. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou, recentemente, que as armas de \”grosso calibre\” ainda não foram acionadas.
\”O Mantega tem razão em chamar tudo isso que está ocorrendo de guerra cambial, mas, na realidade, se trata de uma guerra comercial. Os Estados Unidos estão agindo para ampliar suas exportações ou ao menos tornar as importações mais caras, de maneira a proteger sua indústria\”, afirma o diretor da Global Hedging.
Neste momento, os agentes do mercado estão repercutindo a notícia de que os republicanos ganharam o controle da Câmara de Representantes nos EUA.
Outra notícia relevante do dia é que o Banco Mundial elevou sua projeção de crescimento para a economia chinesa em 2010, de 9,5% para 10%.
(Karin Sato | Valor)