Doha poderá avançar com a alta de preço agrícola

29 de outubro de 2007 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: GAZETA MERCANTIL

As negociações na Rodada de Doha tendem a avançar com a alta dos preços das commodities agrícolas, o que permite a redução dos subsídios concedidos a produtores rurais. O diretor adjunto do Ministério das Relações Exteriores da França para as Américas e Caribe, Jean-Marc Laforêt , acredita que a questão dos subsídios agrícolas – um dos principais responsáveis pelo impasse no acordo de Doha – devem perder peso nas negociações. Representantes da União Européia, que concede subvenção de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano aos agricultores do bloco – já deram sinais de que pode haver um recuo nos subsídios agrícolas. E isso deve flexibilizar as negociações travadas entre as partes envolvidas na Rodada de Doha.


O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas, é o principal defensor da redução dessa ajuda ao campo. O objetivo é abrir os mercados à agricultura brasileira. A contrapartida seria o maior acesso ao mercado interno aos produtos industriais de países desenvolvidos.


Entretanto, alguns pesquisadores franceses demostram ceticismo em relação às negociações de Doha, pelo desencontro de interesses. Além da agricultura, o diretor do Instituto de Estudos Políticos (Sciences-Po) de Paris e pesquisador da Rodada de Doha, para o Mercosul, o brasileiro Alfredo Valladao, lembra que o Brasil incluiu na pauta das discussões o setor de serviços, o que pode inviabilizar possíveis avanços no acordo. “Construtoras, arquitetos, bancos e turismo também estão interessados em oferecer serviços à Europa, onde o mercado de serviços é pequenos”, informa. Existem ainda os interesses da Argentina que estão bloqueando o acordo por conta dos produtos industriais.


A União Européia não deve ser o único bloco a defender a redução dos subsídios agrícolas no mundo. Uma fonte reservada do governo francês disse que a tendência é de que todos os países reduzam a subvenção, pois a demanda por produtos do campo deve manter-se elevada nos próximos anos diante do crescimento da economia global. Não faz sentido, diz a fonte, que os subsídios agrícolas permaneçam em um momento em que os preços agrícolas estão elevados. “Os preços não devem cair muito se a economia se mantiver aquecida nos próximos anos . Isso fará que os produtores rurais necessitem cada vez menos de subsídios”, complementa. Por ser um forte produtor e exportador do setor agrícola, diz a fonte, o Brasil é o país que mais deve se beneficiar com a alta das cotações de produtos como soja, café e milho, entre outros.


Já Saki Laïdi, pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas Internacionais não se mostra favorável à abertura do mercado agrícola mundial. Para ele, existe o risco de os países agrícolas menores, como da África não se beneficiarem da abertura. O pesquisador acredita que o Brasil pode se tornar uma ameaça aos emergentes pelo fato de ser um “imperialista no agronegócio “. “Sou contra a abertura do mercado de açúcar, por exemplo”, disse. “Poderemos acabar com a África “, acrescentou.


Laïdi lembra que a União Européia enfrenta dificuldade na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa do Brasil. Ele enfatiza que os subsídios agrícolas aos produtores dos Estados Unidos, também travam as negociações no âmbito da Rodada de Doha.


A repórter viajou a convite do governo da França
 

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.