Disputa interna no PMDB paralisa Agricultura

O ritmo das nomeações para o segundo escalão e as disputas internas no PMDB por estes cargos têm atrapalhado o dia-a-dia do Ministério da Agricultura. Sob análise na Casa Civil há pelo menos um mês, a indicação do ex-deputado mineiro Silas Brasileiro para a Secretaria-Executiva da Pasta está prometida para esta semana. Mas o novo presidente da cobiçada Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda deve demorar a ser conhecido. Os atrasos não têm qualquer ligação com a recente Operação Navalha da Polícia Federal.


Nos bastidores, secretários e diretores do ministério têm reclamado das incertezas geradas até aqui pela indefinição do Palácio do Planalto e alertado para a paralisia das ações decorrente dos embates internos do PMDB. “Ninguém sabe se fica e o ministro não fala conosco”, diz um dirigente. A indefinição nos escalões operacionais deve provocar, por exemplo, uma demora extra no anúncio dos planos do governo para o próximo ano-safra 2007/2008, que começa em julho. Além disso, atrasa as negociações para a recomposição do orçamento do ministério, que sofreu um bloqueio de 44,5% pela equipe econômica.


Às vésperas de completar 60 dias no cargo, o ministro Reinhold Stephanes tem confidenciado a amigos seu desconforto com a situação e com as pressões. “O ponto principal é ter segurança institucional, fechar a nomeação do secretário-executivo”, diz o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). “Há um certo constrangimento, mas o ministro não se sente enfraquecido nem está desanimado. É, de fato, uma angústia”. Segundo ele, a bancada do partido “quer mais celeridade nas nomeações” por parte do governo.


Indicado pelo PMDB ao cargo, o administrador de empresas Silas Brasileiro promete apressar o andamento de projetos e das ações no ministério. “Tem muita coisa esperando e vamos trabalhar muito”, afirmou. Sobre a aguardada nomeação, o ex-secretário de Agricultura de Minas garantiu: “Do Palácio (do Planalto), está tudo certo. Agora, é só o presidente voltar da viagem ao Paraguai para assinar o ato (de nomeação)”.


A nova estrutura do Ministério da Agricultura deve contar com a promoção do ex-diretor do Café, Vilmondes Olegário, indicado para ocupar a Secretaria de Produção e Agroenergia. O atual secretário Linneu Costa Lima será diretor-executivo da ONG Comissão Interamericana do Etanol, em Miami (EUA), co-presidida pelo ex-ministro Roberto Rodrigues. A Secretaria de Defesa Agropecuária terá um novo diretor de Saúde Animal. O veterinário Altino Rodrigues Neto, atual diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), substituirá Jamil Gomes de Souza. Na Secretaria-Executiva, Silas Brasileiro deve colocar ainda o agrônomo Celio Floriani, atual presidente da Cia. de Armazéns de Minas (Casemg), e o economista Benedito Rosa, ex-secretário de Política Agrícola.


No comando da Conab, o PMDB de Michel Temer (SP) quer emplacar o ex-deputado paulista Wagner Rossi. Mas parlamentares do PT exigem a permanência da atual diretoria. No máximo, admitem a nomeação do ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto. Afilhado político do ex-ministro José Graziano, amigo pessoal de Lula, Guedes também está cotado para a Vice-Presidência de Agronegócios do Banco do Brasil. Mas disputa a indicação com o ex-senador Maguito Vilela (PMDB). Lideranças do setor rural defendem, nos bastidores, o nome de Guedes para o BB. Mas, cautelosos, não tornaram pública a preferência. Ocorre que Lula já cedeu ao PMDB, mas não teria gostado da sugestão do partido. A decisão dependerá da pressão dos ruralistas, que não querem se indispor com Vilela. Uma solução seria reservar Guedes para a ocupar uma eventual Secretaria de Agroenergia, que seria ligada ao Planalto.


 

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