Comentário Semanal – de 10 a 14 de março de 2014
A Europa e os Estados Unidos ameaçam impor sanções à Rússia caso esta venha anexar a Criméia ao seu território. O referendo deste domingo 16 de março decidirá o que a população da Criméia deseja: continuar como parte da Ucrânia ou virar parte do território Russo. O presidente Putin quer usar o resultado das urnas para “legitimar” sua vontade, mas os aliados por ora mantêm as ameaças.
As principais bolsas acionárias do mundo fecharam em baixa na semana, não apenas pelas incertezas vindas da Eurásia, mas também em função de exportações chinesas mais fracas e de o provável crescimento do PIB chinês em 2014 ser o mais baixo desde 1990.
De carona no cenário macroeconômico os principais índices de commodities caíram nos últimos cinco dias. O cobre, cuja demanda mundial chega a depender quase em 45% da China, assim como a soja que tem como principal mercado o país asiático, cederam 4.55% e 5.59% respectivamente. O trigo, que tem um alto volume de exportações mundiais fluindo pelo Rio Negro, foi a commodity que mais subiu, seguido pelo suíno-magro e metais preciosos – os últimos usados como proteção de valor em épocas de instabilidade geopolítica.
O café em Nova Iorque teve uma semana relativamente mais calma com um intervalo de negociação de US$ 12.75 centavos – comparado com o intervalo de US$ 27.20 centavos da semana anterior. Entretanto o “C”, depois de fazer uma nova alta, fechou próximo das mínimas do período, o que pode fazer com que fundos iniciem uma tomada de lucros de suas posições compradas. Segurem o chapéu!
No mercado físico os volumes negociados se mantêm elevados nas principais origens, com os diferenciais para do café robusta do Vietnã e dos cafés comerciais (naturais) brasileiros tendo largos descontos.
Uma grande trading mundial diz que os armazéns dos exportadores no Brasil estão cheios, o que corrobora com o fluxo de negócios nos últimos dois meses.
O debate das condições das lavouras e do potencial das próximas duas safras brasileiras traz novos estudos aos agentes, e a acentuada puxada dos preços do terminal faz a maioria apostar em uma continuação da subida do mercado futuro.
Ao mesmo tempo é importante notar que os produtores têm sido disciplinados e não estão deixando a oportunidade passar, comercializando não apenas os cafés que estavam carregando mas também parcialmente suas safras futuras.
Pudera, se convertermos as cotações do café na ICE (segunda-posição) em reais, o mercado no último dia 12 de março rompeu a alta de 2011, negociando à R$ 496.06 centavos por libra peso, comparado com os R$ 493.49 centavos por libra de 4 de maio de 2011. Ou seja, se como alguns dizem o “sonho” era vender novamente café a R$ 500.00 a saca, aqui estamos (para algumas qualidades) – muito embora esperar até agora possa ter custado caro.
Com o alto volume de comercialização da safra atual nas origens e no FOB, o Brasil deve voltar a exportar um volume alto, como bem comentou o Sr. Guilherme Braga, o que em linhas gerais trará aumento dos estoques na mão dos consumidores, de alguma forma diminuindo o desconforto com uma produção mundial mais baixa.
Sobre as estimativas e opiniões de uma queda enorme na produção brasileira para os próximos dois ciclos, é difícil opinar, ainda mais quando muitos profissionais sérios se mostram céticos com a certeza dos números que alguns têm indicado. Lembrando que a seca deste ano é um evento novo, portanto não há registros anteriores para serem baseados.
Resumindo, na dúvida é melhor vender e ganhar dinheiro do que não vender e eventualmente se arrepender de ganhar menos (ou até mesmo amargar prejuízos). Parabéns aos produtores!!
Uma boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting