ECONOMIA
23/05/2010
Rita Bridi
rbridi@redegazeta.com.br
A cafeicultura, a principal atividade agrícola no Espírito Santo, está em fase de colheita. O fato que poderia ser motivo de comemoração por parte dos produtores, transformou-se em grande preocupação. Além dos preços baixos, há ainda a ameaça vinda da Europa, com o desdobramento da crise financeira, que renasceu na Grécia.
Hoje os efeitos da crise ainda não refletem nas exportações do café brasileiro, mas a situação poderá tornar-se crítica, caso a crise se intensifique na comunidade europeia, avalia o presidente do Centro de Comércio do Café de Vitória (CCCV), Fábio Coser Teixeira. “Agora que o mercado está voltando à tranquilidade temos essa nova ameaça”, destaca.
Os Estados Unidos são o maior comprador do café brasileiro e o setor já sofreu com a crise financeira que lá começou. Se a crise que começa a fazer estragos em países da Europa se intensificar, novamente o setor cafeeiro vai ser prejudicado. Hoje, a comunidade europeia compra cerca de 40% do café exportado pelo Brasil.
Se a crise realmente se instalar e ganhar força, os reflexos para o café serão mais fortes, principalmente porque nesses países o euro é a moeda única, lembra o presidente do CCCV.
Tecnologia
A cafeicultura, destaca o secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli, enfrenta uma crise muito forte, por fatores diversos. O aumento dos custos de produção, as intempéries climáticas (seca) e preços baixos no Brasil e no mundo são os principais fatores que afetam o setor.
No Estado, explica Bergoli, tem lavouras produzindo 15 sacas por hectare. Em outras, a produtividade chega a 100 sacas por hectare. O preço mínimo de R$ 156,57 por saca é remunerador apenas para quem tem alta produtividade. Esse preço, lembra o secretário, foi calculado com base em produtividade de 50 sacas por hectare. Mas, essa não é a realidade da maioria dos produtores capixabas.
Na tentativa de solucionar o impasse, Bergoli encaminhou ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a elevação do preço mínimo para R$ 180,00. Além disso foi pedido ao governo federal que inicie, imediatamente, a compra de café para a renovação dos estoques públicos.