Ao se aproximar de meio século, a cooperativa comemora um momento positivo em sua trajetória
A Cocari – Cooperativa Agropecuária e Industrial de Mandaguari, ao completar 49 anos, no dia 7 de fevereiro de 2011, e tendo passado por uma importante fase de reestruturação, atravessa um período muito positivo, com muitas conquistas a serem comemoradas. “Apesar das dificuldades, poucas vezes tivemos tanto a comemorar”, disse o presidente Vilmar Sebold, ao fazer um balanço dos últimos dez anos da Cocari.
PassadoSebold se lembra que, em dado momento, diante dos percalços enfrentados pela cooperativa, o atual presidente de honra, Dorival Malacario, comparou a Cocari com uma águia, pássaro que, para sobreviver após os quarenta anos tem que matar partes vitais de seu corpo e fazê-las renascer. A opção é enfrentar o dolorido processo de renovação ou morrer.
Assim foi com a Cocari que, para sobreviver às crises financeiras num mercado cada vez mais competitivo, precisou se reinventar, se reestruturar. A crise, que teve seu ápice em 1992, fez com que a Cocari chegasse ao ano de 1999 numa situação complicada. “A Cocari em 1999 estava insolvente. Tinha um patrimônio líquido a descoberto, ou seja, mesmo que vendesse todo o seu patrimônio, não conseguiria saldar seus compromissos. Essa era a situação fática naquele momento”, relembra.
Ele conta, no entanto, que não houve milagre, houve seriedade na condução dos problemas. “Não é um processo do Vilmar. Houve muita gente que acreditou. É um processo de todos os colaboradores, associados e da comunidade em que estamos inseridos, que acreditaram que era possível”, resume.
“O discurso convence, o exemplo arrasta”, disse Sebold, se referindo à transparência e igualdade com que sempre tratou todos os cooperados e membros da Diretoria e dos conselhos Fiscal e de Administração.
Modernização é a palavra
de ordem
A palavra chave na Cocari nos últimos anos é modernização. Os parques industriais estão passando por uma grande transformação, com a construção simultânea de duas Fábricas de Rações, um refeitório, um escritório, uma área de treinamento e uma de fomento. A dedicação das equipes da Fiação fez a diferença. “Fiquei extremamente impressionado pelo que a equipe conseguiu fazer. Temos um prédio antigo, com 100% das máquinas novas, montadas ou em fase final de montagem, mantendo a produção”, salientou o presidente da Cocari. O mesmo já havia ocorrido em Maringá, tempos atrás.
O vice presidente da Cocari, Luiz Carlos Fermino da Rocha, detalha as melhorias das indústrias. “Na unidade de Mandaguari iniciamos a modernização em 2001, com aquisição do primeiro filatório automático. Em 2009 e 2010 fizemos a troca de todos filatórios, substituímos todas as conicaleiras, sala de abertura, cardas. Em resumo, montamos praticamente uma fábrica nova em condições de produzir fios cardados e penteados. Além das unidades fabris, praticamente todos os entrepostos das áreas de abrangência da Cocari foram modernizados.
No final de dezembro, cinco unidades armazenadoras de grãos foram certificadas nos seus processos de armazenamento, sendo elas Borrazópolis, Cruzmaltina I, Faxinal, Marilândia do Sul e Placa Luar.
Presente e futuro
Traduzindo em números, a Cocari tem muito a comemorar. Seu quadro de colaboradores, que há dez anos era de 600 funcionários, saltou para 1.080. Os cooperados somam cerca de 5.200. Quanto ao faturamento, Sebold revela entusiasmado: “nós crescemos muito. Fechamos o ano de 2010 com faturamento de R$ 530 milhões”. Quando a gente colocava R$ 500 milhões como meta, parecia para todo mundo um sonho de um maluco, que estava vendo coisas que não existiam”, recorda.
A retomada das atividades da Cocari em Goiás também apresentou resultados positivos. “No primeiro ano de desafio, dos R$ 530 milhões de faturamento da cooperativa, R$ 60 milhões vêm da estrutura da Divisão Cerrado”, informa. “Graças ao empenho de toda uma equipe, a credibilidade dos associados do Paraná, em aprovar, depois de tanto tempo, a volta, e dos associados de Goiás, por acreditarem que nós temos competência e capacidade para reverter aquela quadro negativo”.
Para o futuro, a projeção é ousada. Em 2011, a meta é que o faturamento alcance os R$ 630 milhões. Para 2015, o objetivo é atingir R$ 1 bilhão.
Novos negócios
Os projetos que compõem os Novos Negócios da Cocari, iniciados em 2008, após a alienação da Destilaria de Álcool, estão em franco desenvolvimento, cumprindo, assim, o objetivo principal da medida, que era aumentar as possibilidades de diversificação das propriedades dos cooperados, agregar valor aos seus produtos e beneficiar um número maior de produtores.
O Projeto Aves, composto pelo Abatedouro, Centro de Treinamento Avícola (CTA) e a Fábrica de Rações para Aves está em plena fase de implantação.
O CTA, ou Granja-escola, está em atividade desde novembro de 2010 e já trabalha com o segundo lote de pintainhos e segunda turma em treinamento. Composto por quatro galpões, com capacidade de alojamento de até 38 mil aves cada, o centro de treinamento é dedicado à capacitação e reciclagem dos criadores de aves integrados da cooperativa.
A fábrica de Rações está em fase final de instalação, devendo ser inaugurada em março e a produção vai suprir os aviários dos cooperados da Cocari.
O grande desafio, na avaliação do presidente da Cocari, é a conclusão do abatedouro. “Nosso maior desafio é concluir o abatedouro, dentro das normas internacionais, e implantar um grupo de aviários necessários para que isso possa girar com eficiência”, planeja Sebold, ressaltando que a cooperativa conta hoje com 77 aviários construídos ou em construção. “Nossa necessidade é em torno de 180, então, ainda temos um desafio. A demanda está boa, a procura está aquecida para a construção. Entendemos o abatedouro como uma excelente opção”. As obras do abatedouro devem ser concluídas em 2012.
O Projeto Laranja está se revelando uma boa opção de diversificação para o produtor de pequenas propriedades. O primeiro pomar, plantado em novembro de 2008, terá a colheita antecipada em um ano. A alta fertilidade do solo aliada à assistência técnica são alguns dos fatores que estão possibilitando essa resposta rápida aos agricultores.
“É um projeto bem novo que começa a dar os primeiros resultados”, diz o diretor executivo de Novos Negócios, Dr. Marcos Trintinalha. “Começaremos a ter as primeiras colheitas esse ano, é um projeto bastante promissor porque oferece maior segurança para o produtor do campo”, constata. “E a perspectiva, em longo prazo, é montar uma unidade de recebimento e, posteriormente, uma unidade de beneficiamento e separação da fruta. Isso, com o objetivo de agregar valor ao produto que nosso cooperado tem na propriedade”, enfatiza o diretor.
O laboratório de sementes também passou por uma grande evolução nos últimos anos, oferecendo melhores condições para o cooperado na qualidade da semente por ele plantada. A UBS Faxinal foi melhorada, a equipe recebeu capacitação e os equipamentos foram modernizados.
Uma grande cooperativa
Dr. Marcos Trintinalha diz que a Cocari faz aniversário, mas quem tem que ser parabenizado é o cooperado. “A cooperativa só existe graças à participação dos associados, já que esta subentende a união de pessoas, então, quero parabenizar todos os associados por esse aniversário, brindar com eles essa data e essa cooperativa que ressurgiu das cinzas. Quero reiterar que a gente vem trabalhando no sentido de tornar a Cocari uma grande cooperativa, participativa no mercado, cumprindo aquilo que se dispôs a fazer.”
Para o presidente de honra da Cocari, Dorival Malacario, a evolução da Cocari representa mudança de vida para todos os envolvidos. “Todos evoluíram muito.”
A trajetória da cooperativa foi resultado de metas estabelecidas e gestão profissionalizada em todas as áreas. “A cooperativa teve as épocas. Em cada época tinha uma meta. Hoje, tem que ter na cooperativa profissionais, porque é uma empresa e você tem que ser profissional para dirigir uma empresa”, ressalta Malacario. “Hoje, não se pode colocar na diretoria um produtor que não entenda de administração de empresas. Seria uma loucura.” Ele relembra o passado, quando a cooperativa era pequena. “Eram poucos agricultores que faziam parte da cooperativa, era mais fácil de se administrar. Hoje não, tem que ter profissionais capacitados, e todos eles têm que se atualizar, do contrário, não tem como fazer com que a cooperativa cresça.”
Para Malacario, o momento atual é uma espécie de resgate. “A cooperativa teve fases no início que foram motivo de orgulho para o Paraná, para o município e para o Brasil, porque a Cocari, na época do Dr. Oripes, era conhecida no mundo inteiro. Depois, teve momentos difíceis, que todos sabem, e hoje, graças a Deus, a cooperativa voltou a ter um nome, no Paraná, no Brasil, no exterior, e isso graças aos profissionais que entraram e fizeram com que a cooperativa chegasse ao ponto que está.”
Além de todo o incremento no setor produtivo, a Cocari continua preocupada com as questões socioambientais em suas áreas de atuação. Projetos como o Olho D’Água, Cultivando Cidadania, Cocarinho, Cooperjovem, entre outros, que têm foco na preservação ambiental, educação, família e esporte, disseminam a filosofia cooperativista e ajudam a formar cidadãos conscientes e solidários.