(03/02/2009 09:11)
O Programa Estadual Certifica Minas Café está trazendo um benefício a mais para os produtores inscritos, além da possibilidade de ter a qualidade de seu produto reconhecida por um selo de prestígio internacional. É que o acompanhamento de cada etapa da produção e o rigor na aplicação das normas de certificação tem como consequência uma visível melhora na gestão das propriedades.
Para o cafeicultor Andrey Reguim, de Varginha, no Sul do Estado, o maior progresso alcançado, depois de ter entrado para o programa Certifica Minas, foi ter elevado sua propriedade à condição de empresa. “As nossas terras deixaram de ser roças para se tornarem empresas. Pagamos corretamente todos os impostos e organizamos nossas propriedades. Temos o controle de gastos e do lucro, pois fazemos um balanço no final do mês, assim como em um empreendimento”, relata, com orgulho.
Reguim é um dos 381 cafeicultores que tiveram suas propriedades aprovadas pela certificadora internacional IMO Control, da Suíça, contratada pelo governo estadual. Em 2009, a meta é certificar 800 propriedades de café. Até 2011, o Certifica Minas Café deverá ter emitido certificação para 1.500 propriedades de Minas Gerais.
O cafeicultor José Eustáquio Fernandes, que produz café em 13 hectares no município de Viçosa, também constatou que, além de atestar a qualidade do seu café, o processo de certificação resultou em otimização dos gastos na propriedade. “Uma das vantagens é a organização proporcionada em todas as etapas da produção. Temos de fazer um controle de todos os custos e o acompanhamento de cada operação. Além disso, ainda temos expectativa de obter um preço melhor nas próximas safras, com o selo, pois indica que o nosso café é de qualidade e respeita as exigências do mercado internacional”, afirma.
Exigências
Ao aderir ao programa e se candidatar à certificação, o cafeicultor recebe o Caderno de Anotações, no qual devem registrar todas as atividades ligadas à produção, desde os insumos usados, o processo de colheita e pós-colheita e investimentos feitos (terreiros para secagem, aquisição de equipamentos etc). Os requisitos para a certificação abrangem vários aspectos, como legislação trabalhista, de uso correto e controlado de agrotóxicos e de rastreabilidade do produto, o que significa identificação registrada de todo o café produzido.
O Certifica Minas Café é um Programa Estruturador do Governo do Estado, coordenado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e gerenciado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). A execução das ações junto aos produtores é feita pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), que atua em estreita parceria com o IMA. Os extensionistas realizam desde o diagnóstico inicial das propriedades inscritas até a avaliação da aplicação das normas do programa.
De acordo com Julian Carvalho, que coordena o Certifica Minas Café na Emater-MG, 40 extensionistas estão exclusivamente dedicados a orientar os produtores inscritos no programa. Em 2008, esses profissionais passaram por diversos cursos de capacitação, em temas como atualização técnica em produção de café; processo de certificação e qualidade; e degustação e classificação de café.
“A atenção e orientação técnicas que recebemos dos técnicos da Emater foram fundamentais para conseguir adequar nossa propriedade, de acordo com o padrão das certificadoras”, afirma Guido Reghin, presidente da União de Produtores de Café Especial dos Martins (Unipcafem), de Varginha. “Além das melhorias trazidas para as lavouras, o acompanhamento técnico e o apoio da Emater são fundamentais para conseguirmos nos adaptar, de acordo com todas as exigências”, completa.
O coordenador da Emater-MG, Julian Carvalho, explica que, pelas normas do Programa Certifica Minas Café, para conseguir a certificação, as propriedades inscritas devem apresentar conformidade de pelo menos 80% nos requisitos ambientais e sociais, no primeiro ano da avaliação. “A exigência vai aumentando, até chegar a 100% no quarto ano. Portanto, mesmo as propriedades que já obtiveram o selo continuam sendo auditadas, para manter o padrão de qualidade elevado”, explica.
Sustentabilidade
O extensionista agropecuário da Emater-MG no município de Varginha, Edson Gazeta, acrescenta que, além de possibilitar a conquista do selo de qualidade de uma certificadora internacional e dar maior visibilidade aos cafés de Minas, o Certifica Minas contribui para a capacitação técnica dos produtores. “Estamos preocupados com a adequação e sustentabilidade das lavouras, mas também em formar pessoas com conhecimentos técnicos necessários, que possam dar continuidade a nosso trabalho”, completa.
Durante o processo de acompanhamento para a certificação, os cafeicultores inscritos no Programa tiveram acesso a cursos sobre o uso correto de agrotóxicos, manutenção e uso adequado dos equipamentos e manejo da lavoura, desde o plantio até a pós-colheita; e cuidados na armazenagem do café.
“Os critérios da certificação envolvem diversos fatores: legislação ambiental e trabalhista, boas práticas agrícolas e rastreabilidade. É um conjunto de ações que faz com que o produtor obtenha sucesso nas auditorias”, explica o extensionista Gabriel Singulano Filho, responsável pelo Programa Certifica Minas Café na regional da Emater-MG em Viçosa.
Os cafeicultores interessados em se candidatar à certificação podem se inscrever gratuitamente em um dos escritórios locais da Emater-MG, nos diversos municípios das regiões participantes do programa.
As informações partem do Jornal da Cidade