16/04/2007 17:04:21 – Globo Rural
As exportações de café solúvel para a União Européia apresentaram forte recuo no ano passado e devem se manter em queda este ano, por conta da imposição, no início de 2006, de uma tarifa de 9% sobre a entrada do produto brasileiro no bloco. De acordo com Ruy Barreto Filho, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de café Solúvel (Abics), a situação agravou-se ainda mais com o ingresso de dez novos países à UE.
– Boa parte desses países (do Leste Europeu) é importador do café solúvel brasileiro – lembra Barreto.
A tarifa de 9% foi criada pelo Sistema Geral de Preferências (SGP) da UE. O SGP é um regime de benefícios comerciais concedidos pelos países desenvolvidos às nações mais pobres. Os principais concorrentes em café solúvel do Brasil no mercado externo, como Colômbia e países da América Central, foram beneficiados pela isenção de tarifas.
Desde o ano passado, as indústrias de café solúvel se mobilizam para ter o apoio do governo federal para entrar com um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC).
– Encontramos resistência na Camex (Câmara de Comércio Exterior) – diz Barreto.
No ano passado, os embarques de café solúvel totalizaram 15,969 mil toneladas para a União Européia, 9,24% menor na comparação com os volumes negociados em 2005 (17,596 mil), segundo dados da Abics. As exportações totais do país ficaram em 67,831 mil toneladas no ano passado, queda de 17,18% em relação a igual período de 2005.
No mercado interno, as indústrias também travam outra batalha. O setor pleiteia a importação de café verde, em regime de “drawback” (importação de insumos para reexportação). Mas as resistências, inclusive do Ministério da Agricultura, impedem que o regime seja aprovado para as indústrias de solúvel. A indústria alega que a alta dos preços do café robusta (principal matéria-prima) no mercado interno encarece os custos do segmento.
O Centro de Inteligência do café (CIC) preparou um relatório sobre as perdas de competitividade da cadeia do solúvel, que deverá ser apresentado ao governo. Segundo Barreto, o relatório será apresentado na próxima reunião do CDPC (Conselho Deliberativo da Política Cafeeira) ainda neste mês.
– Estamos esperando a definição dos novos cargos do novo governo para voltar à carga – diz.