(18/03/2009 16:31)
O Brasil já irriga 233.000 hectares de todo o seu parque cafeeiro, o que representa quase 10% da cafeicultura nacional. O que chama a atenção é que esta fatia irrigada responde por 25% da produção nacional, mostrando a grande competitividade da cafeicultura irrigada nacional.
Os cafezais irrigados estão mais concentrados nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e, em menor proporção, em Goiás, Mato Grosso, Rondônia e São Paulo.
A irrigação tem sido utilizada mesmo nas regiões consideradas tradicionais para o cafeeiro, como o sul e Zona da Mata de Minas Gerais, Mogiana Paulista, Espírito Santo e outras. Trabalhos de pesquisa demonstram que o aumento de produtividade média com o uso da irrigação (médias de pelo menos três safras) tem sido de 50%, quando comparada com as lavouras de sequeiro, trabalhos estes desenvolvidos nas regiões de Lavras e Viçosa, em Minas Gerais, regiões consideradas aptas climaticamente ao cultivo do cafeeiro, sem a necessidade de irrigação.
Convém salientar que, embora a irrigação seja viável lá, o benefício do uso desta tecnologia é mais evidente em regiões mais quentes, onde a temperatura média mensal dificilmente fica abaixo dos 19ºC, como as novas fronteiras do café: Barreiras, Luiz Eduardo Magalhães e Cocos, na Bahia.
Vários experimentos têm sido conduzidos nas diferentes regiões cafeeiras, objetivando, principalmente, avaliar o efeito da irrigação na produtividade e qualidade do cafeeiro, sendo vários deles relacionados a estresse hídrico x produtividade/qualidade do café.
Escolha do melhor sistema
Existem diferentes sistemas de irrigação que podem ser utilizados, sendo que a escolha do mais adequado depende de uma série de fatores, destacando-se o tipo de solo, a topografia, o tamanho da área, os fatores climáticos, os fatores relacionados ao manejo da cultura, o déficit hídrico, a capacidade de investimento do produtor e o custo do sistema de irrigação.
Além disso, deve-se ter em mente também que é grande o volume de água exigido na irrigação e, por isso, a necessidade de otimizar a utilização deste recurso é um dos aspectos mais importantes que deverá, também, ser considerado no momento de decidir pelo método e pelo sistema de irrigação a ser utilizado.
Em geral, a irrigação do cafeeiro é feita por dois métodos: aspersão e irrigação localizada. Os sistemas de aspersão utilizados na irrigação desta cultura são os seguintes: aspersão convencional móvel (com aspersores pequenos, médios e canhões) ou fixa (que inclui o sistema de aspersão em malha), autopropelido e pivô central. Em função de aspectos relacionados ao consumo de energia, exigência de mão-de-obra e outros quesitos operacionais, os sistemas mais viáveis de irrigação por aspersão têm sido o convencional (principalmente do tipo malha) e o pivô central.
Já com relação à irrigação localizada, os sistemas mais utilizados são o gotejamento, por suas características técnicas que permitem uma irrigação com grande precisão, economia de água e energia, e as fitas de polietileno (sistema também conhecido como “tripa”), principalmente pelo menor custo de implantação.
Irrigação localizada
Compreende os métodos de irrigação em que a água é aplicada diretamente sobre a região radicular, em pequena intensidade e alta frequência, para manter a umidade próxima da ideal, que é a de capacidade de campo. O principal sistema é o gotejamento, em que a água é aplicada de forma dirigida e localizada na zona de maior aproveitamento das raízes das plantas.
São caracterizados pela localização, que implica num umedecimento parcial da área total sob irrigação, reduzindo, portanto, o volume total de solo explorado pelas raízes. O restante da área não se umedece, fazendo com que a planta modifique seu crescimento radicular, o qual se concentra nos volumes de solo umedecidos.
André Luís Teixeira Fernandes
Doutor em Engenharia de Água e Solo
Professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE)
Coordenador do Núcleo de Cafeicultura Irrigada da Embrapa Café
andre.fernandes@uniube.br