Publicação: 23/04/07
Os principais cafeicultores do país começaram a discutir os novos rumos do setor. “A cafeicultura passa por um momento de transição e a Sociedade Rural Brasileira quer discutir essa passagem sem sobressaltos”, diz Luiz Hafers, diretor de café da SRB e um dos mais tradicionais produtores do país.
Segundo Hafers, o álcool está ocupando o lugar e a importância que o café teve no século 19. “O álcool está fazendo a ruptura com o passado. O café não tem mais a mesma força política de outrora”.
Com uma área plantada em torno de 2,2 milhões de hectares no país, o café passou por um período turbulento de preços nos últimos anos. A cultura voltou a ganhar fôlego nos últimos dois anos, com a recuperação dos preços no mercado internacional, mas ainda perde em rentabilidade para outras culturas, como cana, grãos e laranja.
“O café não deverá perder mais área plantada, mas o setor enfrenta uma perda grande de mão-de-obra que está migrando para culturas mais rentáveis”, afirma.
Há dois meses à frente da diretoria de café na SRB, Hafers está ancorando reuniões com cafeicultores para discutir os novos rumos para o setor. Hafers, que também presidiu a SRB por duas gestões, evita nomear esses encontros, que deverão se tornar mais freqüentes. “Prefiro definir essas reuniões como prosas permanentes e abertas”, afirmou.
Hafers lembra que a cafeicultura global passou por uma fase crítica com o avanço da produção de café robusta do Vietnã. A produção do Vietnã, em torno de 15 milhões de sacas, era praticamente nula no início dos anos 90, segundo a Organização Internacional do Café (OIC).
Com cenário de oferta mais apertada para o ciclo 2007/08, os produtores acreditavam que os preços internacionais registrariam forte valorização nos últimos meses. As cotações, porém, tiveram tímida valorização, o que levou cafeicultores brasileiros a reduzir o ritmo de comercialização.