Por Silvio Marcos Altrão Nisizaki
Cafeicultura: Se você pode sonhar, pode fazer Walt Disney
Hoje é com muito pesar e tristeza que venho dar minha opinião sobre as duras palavras do nosso conterrâneo de Patrocínio-MG, Sr. Silas Brasileiro. Palavras ditas na qualidade de Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), durante a FENICAFÈ 2009, abaixo segue suas palavras:
” Não adianta protestar, e não adianta sonhar”, diz Silas Brasileiro
O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Silas Brasileiro, falou durante o primeiro dia da Fenicafé 2009, e deu um recado forte ao setor produtivo. “Sem discutir renda, não adianta discutir prorrogação de dívida. E a renda tem que vir das discussões dentro do CDPC (Conselho Deliberativo da Política do Café)”, afirmou. Brasileiro disse que os produtores e todo o setor café têm que trabalhar junto como um todo, visando uma política favorável a todos. Do contrário, não há como funcionar a política cafeeira. “Faço aqui um apelo para que discutam bem as propostas. Não adianta protestar, e não adianta sonhar”, afirmou o secretário. Observou que o Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) conta hoje com recursos de R$ 3,8 bilhões, justamente para trabalhar uma boa política para a cadeia. Admitiu que falta muita coisa ainda a fazer, mas os “produtores têm que entender que o único caminho é através d o governo”, e por isso “temos que afinar nosso discurso”. O secretário lamentou que no “Movimento SOS Café, com a Marcha pelo Café em Varginha/MG” tenha faltado a participação da base do governo, de integrantes do Ministério. Mas ressaltou que, apesar da manifestação, muito tem sido feito pelo governo, dentro das possibilidades e das discussões com o setor. Ele lembrou que há cerca de dois anos foi lançado o Plano Nacional para o café. Dentro dele, citou as ações governamentais de alongamento de dívidas: – Nos Custeios vencidos em 2008, o produtor ganhou prazo para pagar 20% em 31 de março de 2009 e outras 4 parcelas de 20% cada; – Os recursos de colheita viraram crédito de estocagem para pagamento só em abril de 2010; – A estocagem que venceria em 2009 ganhou prazo de mais 12 meses para pagamento; – Dívidas relativas a Dação em Pagamento tiveram redução dos juros de 7,5% para 3,75%, com prazo estendido de 6 anos para 13 anos.
Bom, na verdade na qualidade de cafeicultor do Cerrado Mineiro (Coromandel – MG) e um dos muitos que colaboraram para que o SONHO do SR. Silas Brasileiro se tornasse realidade na forma de DEPUTADO FEDERAL, e hoje ocupando um cargo estratégico para nos ajudar na solução de nossos problemas junto ao governo federal, venho através desta pedir DESCULPAS para todos os cafeicultores e trabalhadores ligados ao café, pelas palavras ditas pelo nosso excelentíssimo Sr. Silas Brasileiro.
Sr. Silas Brasileiro o senhor não deu um recado forte aos cafeicultores como disse o texto, infelizmente suas palavras foram duras, desanimadoras e de muito mal gosto, algo que não cabe ao cargo que vossa senhoria ocupa hoje e a responsabilidade à qual pesa neste cargo. Estas palavras também não nos parece caber na boca do nosso antigo companheiro Silas Brasileiro, Cafeicultor, Deputado Federal, que tanto nos animava durante o inicio desta crise. Vossa Senhoria pode não estar lembrado, mas durante a reunião em Patrocínio para comunicar os alongamentos do funcafé que foram conseguidos a duras penas pela sua competência, o Sr. Disse ao final: Vamos ter esperança e sonhar com dias melhores para nossa cafeicultura, pois somente assim superaremos estes 14 anos de injustiça.
Sr. Silas Brasileiro, dizem que a pior forma de se matar um homem é tirando o seu direito de sonhar, seu direito de protestar por dias melhores. Quem não se lembra do massacre que nossos estudantes sofreram durante as épocas de chumbo (DITADURA), sonhando e protestando por dias melhores para o Brasil, inclusive muitos destes heróis estão ai em Brasília ao seu lado, pois acreditaram em seus sonhos e protestaram. Quem não se lembra do massacre da “Praça da Paz Celestial” na China, daquele jovem à frente de um tanque de guerra, lutando, protestando para que seus sonhos se tornassem realidade um dia. Ótimo seria se aquele jovem hoje estivesse vivo para presenciar as Olimpíadas de seu Pais, o Crescimento de seu Pais, a abertura econômica de seu Pais, presenciar a mágica dos seus sonhos se tornando realidade, fazendo a china se abrir para novos mundos e hoje estar entre as grandes potências do planeta.
Por isso Sr Silas, acredito que vossa senhoria usou muito mal as palavras, nós cafeicultores não devemos é viver com ilusões, praticar vandalismos, mas isso não significa que não podemos sonhar e lutar pelos nossos direitos pois se procurarmos em um dicionário veremos que SONHO NÃO É ILUSÃO, E PROTESTO NÃO É VANDALISMO.
Acredito que tanto o Sr. Como todos que compartilham de sua idéia sejam homens cultos e bem instruídos e conheçam a história do café no Brasil. Foi graças ao sonho de muitos estrangeiros que atravessaram o Atlântico e o Pacífico para trabalharem nas lavouras de café, que tornou realidade o sonho de um Brasil forte e industrializado.
O café realizou o sonho de muitos comerciantes, políticos, empresários e trabalhadores, realizou o sonho de um pais com identidade. Sim amigo Silas Brasileiro, pois como diz o titulo do texto se você pode sonhar, você pode fazer, e o café permitiu ao povo Brasileiro sonhar e fazer.
Fico muito admirado com sua coragem em dizer que não devemos sonhar e protestar, pois foi de um sonho aqui na cidade de Patrocínio MG e redondezas que se tornou realidade a eleição de um Deputado Federal (o senhor, espero que ainda se lembre!!!), para nos representar junto ao governo, apoiando as medidas que fossem boas para o Brasil e cafeicultores, e protestar contra as indiferenças com a nossa e a sua atividade a cafeicultura.
Eu fico mais admirado ainda com a sua coragem em dizer que não devemos sonhar e protestar, justamente como Secretário do MAPA de um Governo cujo presidente é a prova viva que todo homem deve sonhar e lutar pelo seu lugar ao sol, seu lugar na sociedade, que todo homem deve protestar contra as diferenças e injustiças. Sim, caro amigo Silas Brasileiro, o nosso Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (LULA) nasceu no sertão de Pernambuco na cidade de Garanhuns, e como ele mesmo disse lutou , protestou para não morrer de fome, sonhou e realizou sua jornada para a cidade de São Paulo, trabalhou, virou líder sindical, PROTESTOU pelos seus direitos e de seus pares. Sonhou em comandar o Brasil, e hoje esta ai em Brasília ao seu lado como PRESIDENTE DO BRASIL. Tenho certeza que nem em seus piores pesadelos um homem com a história de nosso Presidente sonha que tem em sua equipe um colaborador que pede ao trabalhador (cafeicultor) que não tenha sonhos e que não proteste pelos seus direitos .
Silas Brasileiro, nós cafeicultores estamos de pleno acordo que não devemos nos iludir com medidas milagrosas, que não devemos banalizar o movimento, nós sabemos de nossos deveres e de nossas responsabilidades. Sabemos que precisamos de renda e não de prorrogação de dívidas, e como você mesmo disse o governo esta ai para ajudar, para nos ouvir.
Ma s infelizmente você se contradiz, pois no mesmo texto citado acima e dito por vossa senhoria, você nos mostra que ate hoje as únicas medidas que os governos passados e o atual fizeram para “nos ajudar” foram prorrogações de dividas, desde a época em que vossa senhoria era Deputado ainda, nada mudou.
Mas se o Sr. Ler com mais cautela os pedidos feitos em Varginha , terá certeza que o que queremos em primeiro lugar é uma política de renda, pois não adianta prorrogar dividas por vinte anos, sem que tenhamos lucros para continuar na atividade.
Quanto a sua reclamação ao movimento S.O.S cafeicultura de não ter a participação da base do governo e do MAPA, queria esclarecer que eu cafeicultor como o senhor, e mais os outros 25000 que la estavam presentes não recebemos em nossa casa um convite formal para participarmos deste grande movimento, ficamos sabendo pela mídia, pelo desespero de nossos pares em divulgar esta manifestação, pois se vossa senhoria não sabe, nós representados pelas nossas lideranças estivemos em Brasília para tentar expor nossos problemas , ma infelizmente as portas estavam fechadas. Em Varginha as portas estavam abertas a todos os cafeicultores, trabalhadores, e lideranças para sonharem e protestarem com ordem pelos nossos direitos, não necessitando de convite especial, era necessário apenas acreditar e sonhar, este era o convite.
SILAS BRASILEIRO, CONTINUE A SONHAR E A PROTESTAR, POIS FOI COM ESTAS ARMAS QUE NÓS CAFEICULTORES O COLOCAMOS EM BRASILIA, NÃO ACREDITO QUE O PODER DE BRASILIA TENHA TIRADO DE TI, UM CAFEICULTOR NATO A VONTADE DE VENCER DIGANAMENTE NA CAFEICULTURA.
Comentários
Pedro Meinberg
Parabenizo o nobre colega de Coromandel, cafeicultor, como eu, que conseguiu num belo texto ilustrar todos nossos sentimentos com relação ao nosso “REPRESENTANTE” em Brasília.
Marcelo
Parabéns Companheiro de Coromandel, e NAO se esqueça que as eleições estão chegando e CHEGA…..
Elisandra
Parabenizo você Pedro Meinberh pela sua belíssima carta, em nome de todos os cafeicultores, meu muito obrigado, é de gente assim que precisamos.
Irson Ribeiro de Oliveira
O movimento sos café serviu tambem para conhesermos melhor o defenssor de nossas causas 2010 está chegando Sr. Silas aguarde.
Claudio JF Borges
Parabéns companheiro Silvio Marcos Altrão Nisizaki , mais uma vez parabéns.
Silas Brasileiro, como mineiro devia saber que atrás de morro tem morro….
E se não mudar o discurso verás que quando se está no topo o único caminho é para baixo….
Nos vemos nas próximas eleições!
Mara freitas
O Dr. Silas foi corajoso em dizer o que há muito tempo o setor precisava ouvir: que no século XXI a cafeicultura tem de agir de forma racional, utilizando inteligência comercial e sua forte interface com o Governo. Quem organizou a Marcha do Café são as lideranças do Sul de Minas que estão devendo as cuecas aos bancos e que conseguiram, por meio da sua permeabilidade, usarem 15 mil pessoas como massa de manobra.
Maury faleiros
Caros eleitores do sr silas lembrem dessa carta na hora do voto. Ele não faz jus ao nosso voto.
Ana
Está carta devia ser enviada para outros meios de comunicaçao, afinal nós cafeicultores temos o direito de saber quem é quem e quem são nossos pares. A eleição passada já mandou seu recado e graças a farra de distribuiçao de cargos…. lá estava ele. Parabenizo a carta de Pedro e ao grande movimento de Varginha e vamos continuar a lutar, levando para Brasilia pessoas dispostas à abraçar uma causa verdadeira!
LUIS FRAMARION PEREIRA DE FIGUEIREDO
PARABENS COMPANHEIRO DE LUTA POR UMA CAFEICULTURA SUSTENTAVEL.
O SILAS SE VIROU CONTRA NÓS E TALVES TAMBEM TENHA FALADO TANTA BESTEIRA POR DOR DE CUTUVELO. DO MESMO JEITO QUE O COLOCAMOS LÁ ANO QUE VEM NÓS O TIRAMOS.
João Marcos
De estilingue à vidraça….
É duro ter que vender a alma para ficar em Brasília, ainda mais por que não foi eleito.
É com pesar que vejo o fim decadente de sua trajetória, Sr. ex representante dos cafeicultores.
ANTONIO AUGUSTO REIS
Varginha – Minas Gerais
PRODUTOR
Sr. Secretário Silas Brasileiro,
seu desabafo é relevante para a nossa classe. Conforme dito pelo Sr.: “Temos que negociar e afinar as nossas pretensões dentro de Brasília. De nada adianta chegarmos na capital Federal com 20, 30 lideranças, quando na verdade basta apenas duas ou três com o mesmo discurso. “
Nesse ponto somos obrigados a concordar com o sr. Estamos atirando muito sem focar bem o alvo. Há pleitos que são descartados ao longo da negociação e que representavam em muito os interesses dos produtores e foram redirecionados para outros pleitos em vez de torná-los complementares.
Vejam o exemplo do PEPRO. Os produtores precisavam dele e muito. Se houve alguma irregularidade por parte de dirigentes de algumas cooperativas conforme combatido pelo CECAFÉ, existem meios legais de resolver. O que não poderia deixar acontecer e acabou acontecendo, era o de penalizar mais uma vez, uma grande parcela de produtores com esse benefício de equalização de preços. Há meses que ninguém fala mais nesse assunto.
No caso específico da nossa marcha SOS Cafeicultura, criou-se ali a oportunidade para uma reivindicação mais consensual entre as diversas lideranças e represen-tantes políticos e aglutinação dos produtores que andavam muito dispersos.
Por outro lado, entendemos que, não é nossa responsabilidade “fim” definir diretrizes e políticas para o setor. Nossa responsabilidade precípua é a de “produzir”. Fazemos parte de uma cadeia onde existem diversos segmentos.
Definição de políticas e diretrizes são papéis intransferíveis do estado (de um estado competente). Cabendo as partes, subsidiar os órgãos responsáveis com as suas demandas para as devidas ponderações no equilíbrio/sustentabilidade da cadeia.
Nossa marcha mostra isso. Não foram as nossas ações que nos levaram a isso. Muito pelo contrário. Mostramos foi resultado positivo nesses últimos anos. A grande falha foi a falta de políticas de sustentabilidade pelo governo. Cabe ao mesmo, tirar-nos desse atoleiro em nos meteu.
Quando o Sr. fala que a solução para a cafeicultura deve sair do CDPC – Conselho Deliberativo da Política do Café, fica aqui a minha indagação e indignação: o que este órgão está fazendo em prol da sustentabilidade da cafeicultura nacional? Como conciliar interesses tão diversos em uma mesa de negociação se não tem ninguém do governo para bater o martelo ?
Na minha opinião, este órgão (o CDPC) deva ser extinto. Não atendeu, não atende e dificilmente atenderá os objetivos propostos da sua criação. Se continuar dependendo desse órgão, a cafeicultura nacional será sepultada.
O Sr. afirmou que: “O governo entende perfeitamente que a palavra é renda e que sem ela não adianta discutir outros fundamentos…” e fala em café de R$ 300,00 a saca, para não sonharmos, etc. Qualquer levantamento profissional e honesto, para a média brasileira produzida por hectare, chegará a valores bem superiores a esse. Se não for considerar isto, é brincar de resolver o problema
João Salles
Este recado vai para a sra Mara Freitas. è preferível estar devendo “até as cuecas”, do que ser apanhado pela polícia com dinheiro na cueca. Até hoje nao sabemos de onde veio! Não seria nosso dinheiro que está sendo surrupiado? Acredito que a sra. Mara deveria ser um pouco mais feliz em seus comentários à respeito de uma classe trabalhadora e que não vive de “boquinha no Governo”.
Maria tereza Produtora
Conclamo todos os amigos CAFEICULTORES, à parar de trabalhar e produzir como sempre fizemos. Trabalho árduo, pois, dependemos do humor do mercado, condiçoes climáticas e boa vontade do Governo, o que nunca existiu. Creio que chegou a hora de começarmos a sonhar: QUE TAL UM CARGO COMO O DO SR. SILAS BRASILEIRO. A única coisa necessária para isso é perder uma eleiçao.
Mara Freitas
Sr. João Salles, não estou na base do Governo justamente por não concordar com esta missa que não muda. Não posso mudar a minha opinião nesta tema, por se tratar de uma convicção pessoal, mas em respeito a sua nobre provocação, gostaria de lhe expor de forma mais clara, o meu ponto de vista.
Os cafeicultores, se tivessem memória, lembrariam que a Comissão Especial para solucionar os problemas da cafeicultura, coordenada na Assembléia Legislativa Mineira em 2003, teve a mesma tônica. Houve um tanto dos senhores que foram despejados (acredito que este termo é o mais adequado para classificar o tratamento que há muito tempo vem sendo conferido aos produtores) de ônibus em Belo Horizonte, para resolver o problema da dívida. O relatório ficou lindo. Mas e a solução prática? Ela simplesmente não existe.
Pessoas como eu não fazem parte da boquinha do governo. Não tenho rabo preso com ninguém. Sou técnica e a cada di a mais tenho labutado para abrir mão de minhas passionalidades, para oferecer maior imparcialidade às minhas análises de mercado. A paixão cega e reduz veementemente a capacidade humana de pensar adequadamente em números.
Exponho, primeiramente, que as lideranças nas quais o senhor confia, que não querem mudanças. Tenho listas e mais listas de motivos para elencar, para atestar que mudança, não é a palavra de ordem para este setor que a cada dia perde sua visibilidade, em detrimento de outras cadeias produtivas que politicamente agem de forma mais profissional.
Há dez anos estudo política cafeeira e neste tempo todo o que eu mais assisti, foi o setor correndo atrás do próprio rabo, como se fosse um cachorro louco. Eu acredito que o Dr. Silas está correto, porque a postura dele converge com o meu pensamento. Não estou defendendo ninguém, mas sim uma linha, uma postura profissional na qual acredito e que eu defenderei até o último segundo da minha vida: a da construção da comp etitividade da cafeicultura brasileira pautada no uso de inteligência comercial, que é a minha musa inspiradora.
Acredito que é possível redesenhar a história da cafeicultura brasileira, utilizando a inteligência, a capacidade de interlocução sadios, que primem pelo crescimento. Se o senhor discorda do meu posicionamento, eu respeito. Mas respeite o meu também, a medida que eu talvez tenha um olhar que o senhor não tenha: o de conhecer em profundidade as entranhas do Estado. Meus respeitos e minha gratidão pela sua exposição. O debate inteligente me apraz.
Cláudio José Fonseca Borges
VAMOS TIRAR O SILAS DE LÁ!
Se o pequeno silas está lá para nos representar, mas prefere se locupletar para se manter nas tetas do governo, o melhor que fazemos é tirar esse sujeito de lá!
Abaixo o pequeno silas!!!
SAIA JÁ DAÍ SILAS COLOMBIANO.
Maria Amália
Sra MARA: lí os debates entre a sra e o sr João Sales e gostaria de tecer algumas consideraçoes à respeito delas: Quando a sra se refere às “entranhas do Estado”, esta é a mais tranquila de se debater, pois, o Estado é pautado por leis da Administraçao Pública com princípios belíssimos. Já as “entranhas do poder e do Governo”, este sim, tem o poder de transformar o ilegal em legal , o moral em imoral e bandidagens em atitudes corriqueiras e aceitáveis.
Com relaçao à outros segmentos competitivos que agem de maneira mais profissional, não podemos nos esquecer que estes setores contribuem com caixa 1, 2 e 3 para as eleiçoes de políticos. Haja visto que a dois dias atrás assistimos nos jornais, empreiteiras bancando políticos com muito dinheiro e sabe-se lá a origem desses recursos. Imagino, salvo melhor juizo, provenientes de obras superfaturadas com o Governo.
Tem condiçao, portanto, de cobrar o que lhes é devi do. Não podemos nos esquecer das politicas de reduçao de impostos para a cadeia automobilistica. E agora foi a vez dos materiais de construçao. Já com relaçao à agricultura, falam muito e fazem pouco. Isso porque até hoje o Banco do Brasil vem cobrando normalmente as parcelas referentes à contratos abrangidos pela lei 11.775 que prolongou o prazo de pagamento.
Financiamento de maquinário, nem pensar e adubo é de estarrecer o preço em que chegou. Não temos a força de uma FIESP, para não precisarmos irmos às ruas. Segundo noticiario o sr Paulo Skaf teria pedido dinheiro para a Camargo Corea para financiamento de campanha de políticos.
Nem sequer escolhemos nossos representantes, visto que o sr Silas perdeu a eleiçao e de imediato foi nomeado para o MAPA.
Isso para não falar em seus auxiliares. Quando a sra. refere-se a produtores de Minas que devem até as “cuecas”, sou abrigada a concordar com o sr. Joao, que tal comentário foi um tanto desrespeitoso. O que queremos é uma política de preço sustentável, só isso.
Irlene Gonçalves
Prezada Mara Freitas.
Acredito realmente que a senhora seja uma estudiosa do negócio café, e acredito também que o debate é sempre oportuno e pode levar o povo a melhores posições sociais, quando se pode pensar soluções viáveis para seus problemas.
Não sei se a senhora acompanha a vida dos produtores agrícolas desse país, que trabalham duro, enfrentam intempéries climáticas, pragas, doenças, custos de produção elevado e etc.
A produção agrícola não é como a produção industrial, que você pode isolar o ambiente, e fazer experimentos da forma desejada. A agricultura depende de fatores climáticos como: chuva, sol, temperatura, umidade. Fatores estes, que podem alterar toda a competitividade de um produto.
Acredito sim que a cafeicultura precisa ser mais competitiva, mas essa competitividade não virá de uma hora para outra, e também não virá para uma classe descapi talizada, que não tem condições de criar novas formas de comercialização, industrialização, marketing, logística e etc. sem capital próprio.
O problema da cafeicultura não começou com esta crise econômico financeira atual, é um problema de renda, e que começou a alguns anos atrás. O cafeicultor brasileiro investiu, comprou insumos com altos preços, com um custo de produção elevado, e vendeu seu produto a um custo baixo – custo este menor que o custo de produção.
Sou estudante de economia, e aprendi na faculdade, que o governo deve e precisa investir em capital produtivo, se quiser manter a população rural no campo, dando oportunidades de manutenção e reprodução dessas famílias, evitando assim, o êxodo rural, que incha as grandes cidades, e trás problemas sociais como desemprego, aumento da criminalidade, etc.
A competitividade para o setor não virá de mais uma prorrogação, pois, com esta medida o que o governo fará, será nada mais do que jogar para frente um problema que perdura a longos anos.
Esse país precisa de planejamento em todos os setores da economia, e no negócio café não é diferente. O país precisa de uma política do café, que fortaleça os pequenos e médios produtores, para que estes não abandonem o campo, e contribua para o aumento do desemprego no nosso país.
A competitividade não virá, se o Brasil não implantar um preço mínimo compatível com os custos de produção, e que possibilite a manutenção e reprodução das famílias no campo.
A competitividade não virá, se o governo não implantar o seguro agrícola, como ocorre nos países desenvolvidos.
A competitividade não virá, se o governo não implantar mecanismos que permita que o produtor tenha lucro.
Acredito que a senhora tenha muito o que dizer sobre soluções para a cafeicultura brasileira, mas o que esses produtores querem e precisa são de ações que possibilite a eles melhores condições de vida no campo, e vida com dignidade.
O que eles estão pedindo, e lutaram para conseguir através da manifestação SOS Cafeicultura, foi mostrar ao governo que eles são pessoas honestas, lutando pacificamente pela sua profissão, pelo direito de produzir o seu produto, pagar suas contas e obter lucro. Lucro este que é justo, que é a remuneração pelo seu trabalho, que é a renda da terra.
Assim, o que esses produtores querem, é mostrar para o governo, que alguma medida precisa ser feita, e não se pode retirar desse povo, o direito de protestar, de sonhar, e de lutar por dias melhores, quando poderão ser remunerados pelo seu esforço, pela sua profissão.
Esse povo não é massa de manobra, e não estão defendendo a manutenção desse sistema atual. O que eles querem é uma política que permita que eles sejam competitivos, porque produto de qualidade eles já produzem. Produto este com ótimo potencial, e que poderia ter um preço mais elevado se o governo mantivesse a política de preço mínimo (política esta que existe a muitos anos no Brasil, mas que não é praticada efetivamente).
Acredito que se a senhora é mesmo uma estudiosa do negócio café, não preciso debater contigo PREÇO X CUSTO DE PRODUÇÃO.
Acredito também que se a senhora é estudiosa do negócio café, não preciso lhe lembrar que não existem somente grandes produtores, mas que a grande maioria dos cafeicultores são pequenos e médios produtores, e que utilizam mão de obra familiar.
Eu ainda não consegui entender em que a senhora concorda com o Sr.Silas Brasileiro, sendo estudiosa do negócio café, se o que ele propôs de efetivo, em nada melhora ou ameniza a situação dos produtores.
Ele afirma que não adianta discutir prorrogação, sem antes discutir renda. Sim, isso é verdade, mas no final, a única coisa que ele defende é prorrogação.
Veja as palavras dele: “Mas ressaltou que, apesar da manifestação, muito te m sido feito pelo governo, dentro das possibilidades e das discussões com o setor. Ele lembrou que há cerca de dois anos foi lançado o Plano Nacional para o café. Dentro dele, citou as ações governamentais de alongamento de dívidas: – Nos Custeios vencidos em 2008, o produtor ganhou prazo para pagar 20% em 31 de março de 2009 e outras 4 parcelas de 20% cada; – Os recursos de colheita viraram crédito de estocagem para pagamento só em abril de 2010; – A estocagem que venceria em 2009 ganhou prazo de mais 12 meses para pagamento; – Dívidas relativas a Dação em Pagamento tiveram redução dos juros de 7,5% para 3,75%, com prazo estendido de 6 anos para 13 anos.”
Alongamento de dívida é prorrogação, e com as atuais taxas de juros praticadas pelo governo – uma das maiores do mundo, em que isso amenizaria a situação do setor.
Mara Freitas
Prezadas senhoras Maria Amália e Irlene Gonçalves, obrigada por exporem de forma elegante o seu ponto de vista. A única coisa que posso dizer que hoje, há 15 mil pessoas contra o Dr. Silas. Ano que vem, quando ele subir no palanque, talvez concorrendo a um cargo de senador, todos irão aos comícios, bater palmas para ele. E ele vai ser eleito, não com o meu voto, mas pelos cafeicultores que têm nele um ponto de referência positiva. Os senhores também reelegerão o Paulo Piau, o Carlos Melles, o Odair da Cunha e qualquer outro que vender a idéia de que ele sim é a solução para a questão da renda da cafeicultura.
É assim que funciona e assim que funcionará, porque o brasileiro vota sempre no menos pior e somente lembra de questionar quando o bolso aperta. As senhoras e os demais 15 mil manifestantes foram convidados para participar do lançamento do Centro de Inteligência do Café, na BMF, no ano de 2004? As senhor as e os demais 15 mil manifestantes alguma vez na vida, ao menos, foram convidados para participar de uma reunião do Conselho Deliberativo de Política do Café, mesmo que fosse via teleconferência? As senhoras e os demais 15 mil manifestantes participaram de alguma forma da elaboração da Agenda Estratégica do Café? Estas coisas, não são para brasileiros comuns, como eu ou as senhoras, ao menos no conceito das lideranças.
Por isso usei o termo massa de manobra. Inteligente seria promover, por meio de gestão participativa, utilizando a força de reunião dos cafeicultores brasileiros, a elaboração de leis de interesse público e notório do setor, juridicamente respaldadas e juntar, para cada uma, 1.000.000 de assinaturas, para impetrar o projeto no Congresso Nacional, com caráter de emenda constitucional. Isso seria o supra-sumo da democracia produzido por um setor legitimado no Brasil, pela história nacional. O manifesto de Varginha foi bom para 15 pessoas que estão no topo dos d evedores do Banco do Brasil e que dependem do cofre do governo federal, para tirarem a água, que já está batendo um pouco acima do nariz. No mais, espero ter esclarecido suas demandas, agradecendo mais uma vez, pela sua interface. Meus respeitos.
Maria Amália
Prezada sra. Mara Freitas. Quero somente esclarecer o seguinte: não devo um tostão sequer para qualquer banco ou comercio em geral. Pelo contrário, o Banco Brasil, sim é que me deve a parcela do alongamento cobrada irregularmente.
Não estive presente às reuniões que a sra mencionou, pois, me encontro entre aqueles que precisam trabalhar para viver e manter as contas em dia (inclusive impostos). Não estou “mamando nas tetas do Governo”, por isso nao preciso ser defensora dos politicos que a sra. citou.
Considero todas essas reuniões de CNC, CDPC inútéis para nós produtores. Somente para nós produtores.
A sra que é tao bem informada, conhece todos os membros do CDPC e CNC? Comece a levantar a ficha de cada um, inclusive assessores.