São Paulo, 9 – As torrefações devem corrigir em 15% os preços do café torrado e moído, para cobrir as altas de custos decorrentes do aumento da cotação da matéria-prima e de outros insumos como embalagens e combustíveis, além da mão-de-obra. A informação foi prestada pelo diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz.
Segundo Herszkowicz, a elevação das cotações internacionais do café verde na primeira semana do ano surpreendeu as indústrias de café “por sua extrema volatilidade”. Os preços na Bolsa de Nova York aumentaram 11,7% na semana passada e atingiram o maior nível dos últimos seis meses.
Herszkowicz afirmou que as torrefações compravam a saca de café arábica tipo 8 por R$ 170,00 em setembro do ano passado e agora só encontram ofertas acima de R$ 215,00. Ele diz que a alta de 26,4% ocorreu também nos preços do café conillon, que no mesmo período passaram de R$ 136,00/saca para R$ 175,00/saca (+28,6%).
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Na avaliação de Herszkowicz, o aumento atual do preço do café e mais intenso do que o ocorrido em março do ano passado, “e só não se refletiu em preços ainda maiores da saca do produto, por causa da depreciação do dólar, que segurou os aumentos em reais”. Ele diz que a correção dos preços internacionais do café era esperada desde novembro passado, pois há uma demanda mundial pelo grão maior do que a oferta.
Para Herszkowicz, os preços atuais praticados pela indústria de café não suportam os recentes aumentos da matéria-prima. “As torrefações têm preços muito justos, em função da grande concorrência existente no mercado. Qualquer elevação significativa em seus custos, como a atual, exige uma correção dos preços de venda do café. Há casos de empresas que acumulam defasagens superiores a 25%”, diz o executivo.
Ele diz que, além do café verde, as empresas tiveram aumentos em suas embalagens e combustíveis, em função dos preços do petróleo, e da mão-de-obra, por força dos acordos coletivos, grande parte deles com data base em Setembro.
No ano de 2005, os preços do café torrado/moído pouco variaram. Pesquisas junto à rede varejista da cidade de São Paulo apontam que, em janeiro, o preço médio dos cafés tradicionais era de R$ 7,77 /kg, enquanto em dezembro, este preço médio foi de R$ 8,92/kg, uma expansão de 14,8% . “Mas, na verdade, o café foi o produto que menos subiu de preço nos últimos 11 anos, desde o Plano Real. Em julho/1994, os preços médios ao consumidor eram de R$ 7,20/kg. Com isto, o produto aumentou apenas 24%, desde 1994, contra 130% do custo da cesta básica”, diz Herszkowicz.